O debate, aberto a todos os membros do partido, será “uma discussão mais ampla do que a questão de um sim ou não à adesão à NATO”, disse Tobias Baudin, o número dois dos sociais-democratas, numa declaração citada pela agência de notícias francesa AFP.

Este “diálogo sobre política de segurança” deverá ser concluído antes do verão, acrescentou.

No final de março, a primeira-ministra sueca e líder do partido, Magdalena Andersson, não excluiu a possibilidade de uma adesão à NATO, depois de inicialmente ter defendido que a Suécia deveria manter-se fora de alianças militares.

Historicamente contrário à adesão à NATO, o Partido Social-Democrata sueco reafirmou essa posição numa moção aprovada em congresso, em novembro de 2021.

Mas Andersson disse que estava pronta a mudar esta posição, cinco meses antes das eleições legislativas de 11 de setembro, em que a questão será central.

Uma reviravolta do maior partido sueco seria histórica e abriria o caminho para a adesão à NATO, uma vez que a vizinha Finlândia se prepara para tomar uma decisão até ao verão.

Tal como o vizinho finlandês, a Suécia não integra a NATO e é oficialmente um país não-alinhado militarmente, embora seja um parceiro da Aliança Atlântica e tenha abandonado a linha de estrita neutralidade após o fim da Guerra Fria.

A Suécia e a Finlândia são membros da União Europeia.

A adesão da Suécia à NATO, impensável politicamente até há dois meses, tornou-se possível — e mesmo provável, no caso de Helsínquia — com a invasão da Ucrânia lançada pela Rússia em 24 de fevereiro.

O apoio à adesão quase duplicou desde então, saltando para quase 50% na Suécia e 60% na Finlândia. A percentagem dos que se opõem caiu para cerca de 20 e 30%.

O conservador Ulf Kristersson, líder da oposição de direita, anunciou a intenção de candidatar a Suécia à adesão se obtiver uma maioria no parlamento.

Também o partido Democratas Suecos, de extrema-direita, o terceiro mais votado em 2018, mostrou abertura à adesão da Suécia à NATO, depois de se ter oposto anteriormente à ideia.

Na Finlândia, o conselho do Partido do Centro, parceiro da coligação que apoia o Governo, autorizou, no sábado, um pedido de adesão à Aliança Atlântica.

A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, não comentou a posição do Partido do Centro, mas deixou claro que a decisão sobre a adesão à NATO “deve ser tomada em breve”.

A próxima cimeira da NATO está agendada para 29 e 30 de junho, em Madrid.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi criada em 1949, para funcionar como “um contrapeso aos exércitos soviéticos estacionados na Europa Central e Oriental após a Segunda Guerra Mundial”, segundo a própria organização.

Portugal é um dos 12 membros fundadores, juntamente com Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Reino Unido.

Ao longo dos anos, outros países aderiram à organização, que conta atualmente com 30 membros.

Ao invadir a Ucrânia, a Rússia usou como um dos argumentos a sua oposição a uma possível adesão do país vizinho à NATO.

A Ucrânia pediu a intervenção da NATO em sua defesa, que foi recusada precisamente por o país não integrar a organização e por receio de que um envolvimento direto da Aliança Atlântica no conflito desencadeasse uma guerra total na Europa.

Apesar da recusa em se envolver diretamente, vários países da NATO têm fornecido armamento à Ucrânia, sobretudo sistemas de defesa antiaérea, para ajudar a repelir as tropas russas.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 47.º dia de combates, provocou milhares de mortos civis e militares, bem como a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, incluindo 4,5 milhões para países vizinhos.

Trata-se da pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A comunidade internacional reagiu à invasão da Ucrânia pela Rússia com sanções económicas e políticas contra Moscovo, além do fornecimento de armas a Kiev.