A subida dos preços tem causado muita preocupação entre os portugueses e gerado a discussão de diversas propostas.

Para o Ministro das Finanças, Fernando Medina, a eliminação do IVA em certos produtos "não resolve o problema dos preços elevados, por exemplo, nos alimentos".

Espanha foi um dos países que adotou a política de "IVA ZERO" em certos produtos, o que fez com que os preços subissem na produção, e o benefício fosse anulado. A situação já deteriorada pelo agravamento da inflação nos últimos meses foi, assim, agravada.

Neste sentido, o ministro das Finanças defende que não consideram a "medida prioritária pelas consequências que já foram visíveis nos países que a aplicaram".

Na ótica do ministro português, contrariar o aumento dos preços só é possível se o Governo “reforçar o rendimento das famílias mais vulneráveis e concentrar aí os esforços”. Neste sentido, propôs o aumento "muito significativo" do salário mínimo este ano, e a subida das prestações sociais mais baixas.

Os partidos também já se manifestaram sobre esta questão. Ontem, Pedro Duarte, presidente do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, disse que, quanto à fixação de limites às margens de lucro na venda de bens essenciais, considera "precoce defender uma medida dessa natureza nesta fase".

Pôs, sim, os olhos no Governo, que acredita ser o responsável por "criar mecanismos e medidas de reforço do controlo e da fiscalização para perceber o que está a acontecer com eventuais lucros".

Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal (IL), recordou as "palavras do Ministro da Economia, que quando questionado sobre a temática das fixações de preços, respondeu que isso ia contra tudo o que estudou".

Apelou ainda ao primeiro-ministro, António Costa, para não cair "na tentação" de tomar medidas "economicamente erradas e que acabam por prejudicar as populações".

O presidente da cadeia espanhola de supermercados Mercadona, Juan Roig, não ficou de fora da discussão e afirmou-se hoje contra a fixação de preços máximos para determinados produtos.

“É uma ilusão. Dependemos da oferta e da procura e não há nada que seja capaz de determinar os preços dos produtos, só o mercado. Fixar os preços acho irrealizável. É como dizer que a água não molha”, disse o empresário.

Defende que essa fixação em determinados produtos acabaria por ser compensada com o aumento do preço de outros, ou com a redução da qualidade ou tamanho das embalagens.

*Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Ana Maria Pimentel.