“Fico todo contente, é um regozijo para nós, para a classe e para a disciplina que, hoje, o maior prémio de cultura portuguesa seja para um arquiteto e, neste caso, encaixa cem por cento, porque Manuel tem 50 anos, tem o futuro à frente e este prémio é um incentivo a continuar o que já foi feito e vai ser feito melhor”, afirmou o também arquiteto e vencedor do Prémio Pessoa em 1998.

Sobre os traços arquitetónicos que valeram a Manuel Aires Mateus o prémio, o membro do júri destacou a sua capacidade de fazer “muito bem” a ligação “difícil” entre arquitetura moderna e materiais tradicionais portugueses.

“Uma ligação, que é difícil, e ele fá-la muito bem, entre uma certa arquitetura tradicional, feita com materiais tradicionais, como azulejos portugueses, cal, mármore e formas do sul sobretudo – que ele é de família do Alentejo –, com arquitetura completamente moderna e contemporânea, em que não é normal usar esse tipo de materiais”, afirmou aos jornalistas.

Eduardo Souto de Moura salientou mesmo que Manuel Aires Mateus consegue cruzar essas “duas identidades, com resultados brilhantes”, e acrescentou: “Uma coisa muito portuguesa”.

Entre as obras arquitetónicas da autoria do vencedor de hoje do Prémio Pessoa, Souto de Moura destacou a sede da EDP, “o edifício mais emblemático em Lisboa”, a central telefónica de Santo Tirso, uma série de construções no Alentejo, entre asilos, habitação social e casas individuais.

Relativamente a obras no estrangeiro, o arquiteto apontou a Mesquita de Bordéus e um centro experimental de design e arquitetura em Tours, França, e sublinhou o facto de Manuel Aires Mateus ter ganhado recentemente o Museu de Arte Contemporânea de Lousane, “que vai agora para construção”.

Eduardo Souto de Moura manifestou ainda particular satisfação, pela atribuição do galardão a um arquiteto, numa altura em que “a arquitetura portuguesa tem passado por uma época de grande relevo no estrangeiro, e que nem sempre é noticiada cá dentro”.

Esta é a terceira vez, em 30 edições do Prémio Pessoa, que o galardão é entregue a um arquiteto, já que João Carrilho da Graça sucedeu a Souto de Moura, em 2008.

O Prémio Pessoa, que vai na sua 31.ª edição, tem um valor monetário de 60 mil euros e é uma iniciativa do jornal Expresso, com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos.

O Prémio Pessoa foi atribuído pela primeira vez em 1987, ao historiador José Mattoso.

Desde então foram reconhecidos, entre outros, o poeta António Ramos Rosa, a pianista Maria João Pires, os investigadores António e Hanna Damásio, o neurocirurgião João Lobo Antunes, o arquiteto Eduardo Souto Moura, o constitucionalista José Joaquim Gomes Canotilho, a historiadora Irene Flunser Pimentel, o ensaísta Eduardo Lourenço, a investigadora Maria Manuel Mota e o artista plástico Rui Chafes.

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