Um vídeo do resgate publicado na página do Facebook do corpo de elite da Marinha tailandesa mostra algumas das crianças em macas, aparentemente sedadas e com equipamentos de mergulho. As imagens mostram ainda muitos mergulhadores tailandeses e estrangeiros a usar cordas, roldanas e tubos de plástico para tirá-los do complexo subterrâneo.
Em entrevista à AFP, um dos socorristas, membro dos fuzileiros da Marinha tailandesa e que participou da operação de resgate, confirmou que algumas das crianças estavam "adormecidas" durante o procedimento.
"Alguns deles estavam a dormir, outros moviam os dedos (como se estivessem) bêbados", explicou o comandante Chaiyananta Peeranarong, o último socorrista a deixar a caverna após o resgate dos jovens, com entre 11 e 16 anos, e o seu treinador de futebol, de 25 anos.
Estes são os primeiros detalhes revelados sobre a complexa operação de resgate que envolveu 90 mergulhadores, 40 tailandeses e 50 estrangeiros. Soube-se igualmente hoje que a principal bomba de extração de água falhou algumas horas após a evacuação dos últimos jovens e do treinador, fazendo subir rapidamente o nível da água e obrigando a uma evacuação.
Além destas imagens da operação, foram igualmente divulgadas as primeiras imagens de algumas das crianças no hospital. O vídeo, fornecido pelo departamento de Relações Públicas do governo da Tailândia, mostra os membros da equipa de futebol "Javalis Selvagens" nas suas camas, a utilizar máscaras de proteção dentro de um ambiente protegido por paredes de vidro.
Os médicos informaram que os rapazes estão em boas condições físicas e mentais, o que é visível nas imagens divulgadas pelo governo tailandês, onde as crianças aparecem a acenar para as câmaras e familiares do lado de fora e fazem a tradicional saudação "wai".
Os socorristas, mergulhadores estrangeiros auxiliados por comandos da Marinha da Tailândia, foram recebidos como heróis por terem resgatado em segurança o grupo da gruta de Tham Luang, no norte da Tailândia, onde ficaram presos desde o dia 23 de junho por causa de uma inundação.
A exclamação "Hooyah", herdada da Marinha americana e que visa elevar o moral, proliferava nas redes sociais tailandesas. "Missão cumprida!", felicitou o jornal The Nation.
A odisseia do 'tudo ou nada'
Durante 18 dias, a Tailândia e o resto do mundo acompanharam a odisseia da equipa de futebol, os "Javalis Selvagens". A chuva que voltou a cair nesta região que faz fronteira com Mianmar e Laos tornou a intervenção ainda mais urgente.
Os jovens jogadores passaram nove dias nas entranhas da gruta, até que dois mergulhadores britânicos conseguiram alcançá-los, no início da semana passada, no dia 2 de julho. Exaustos, mas vivos, estavam a mais de quatro quilómetros da entrada da vasta rede subterrânea.
As equipas de resgate estudaram desesperadamente todas as soluções possíveis, como perfurar túneis nas montanhas ou fazê-los esperar no subsolo durante semanas até o fim da estação das monções.
Mas, perante a ameaça de novas chuvas e face à diminuição do nível de oxigénio na câmara onde o grupo estava, as autoridades decidiram no domingo tentar o tudo ou nada, tendo pela frente um percurso repleto de obstáculos com trechos de túneis inundados e passagens estreitas.
Quatro rapazes por dia. Cada saída era recebida com a exclamação "Hooyah" na página do Facebook da Marinha da Tailândia. O treinador, Ekkapol Chantawong, de 25 anos, foi o último a ser retirado.
As crianças foram colocadas em quarentena no hospital de Chiang Rai, isoladas por receio de eventuais infeções.
A lamentar em toda esta operação está a morte a morte de Saman Guman, ex-membro da marinha tailandesa, que faleceu no passado dia 6 de julho, depois de levar uma reserva de ar às crianças.
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