A informação é do ministério da Defesa taiwanês.

A operação em larga escala do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas da China, surge numa altura em que Pequim se prepara para um possível bloqueio ou ataque total a Taiwan, o que tem suscitado grandes preocupações entre os líderes militares dos Estados Unidos, o principal aliado da ilha.

Num memorando enviado na sexta-feira passada, o general da Força Aérea dos Estados Unidos Mike Minihan pediu aos oficiais norte-americanos que estejam preparados para uma guerra contra a China, a partir de 2025, motivada por uma invasão chinesa de Taiwan.

Como chefe do Comando de Mobilidade Aérea norte-americano, Minihan tem uma compreensão apurada dos militares chineses. As suas observações refletem o apelo de outras altas patentes militares nos EUA para que o país esteja preparado para um conflito com a China.

O ministério da Defesa de Taiwan disse que 20 aviões militares chineses atravessaram, na terça-feira, a linha central no estreito de Taiwan, que há muito é uma zona tampão não oficial entre os dois lados, divididos desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota frente aos comunistas.

A China considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força para assumir controlo sobre a ilha.

As forças armadas de Taiwan “monitorizaram a situação (…) e reagiram às atividades” chinesas, informou hoje o ministério da Defesa.

A China tem enviado navios de guerra, bombardeiros, aviões de combate e aviões de apoio para o espaço aéreo perto de Taiwan quase diariamente, na esperança de esgotar os limitados recursos de defesa da ilha e reduzir o apoio à líder pró – independência do território, Tsai Ing-wen.

Aviões de combate chineses também confrontaram aviões militares dos EUA e dos seus aliados no espaço aéreo internacional, sobre os mares do Sul e do Leste da China, naquilo que Pequim descreveu como manobras perigosas e ameaçadoras.

Em agosto, a visita a Taipé da ex-presidente da Câmara dos Representantes dos EUA Nancy Pelosi gerou fortes protestos por parte do governo chinês, que considerou a viagem uma provocação e lançou exercícios militares em torno da ilha, numa escala sem precedentes.

A China tem ameaçado repetidamente retaliar contra países que procuram ter laços mais próximos com Taiwan, mas as suas tentativas de intimidação desencadearam uma reação em países europeus, no Japão e nos Estados Unidos, que aumentaram a frequência dos contactos oficiais com Taipé.

Taiwan vai realizar eleições presidenciais no próximo ano, mas a aproximação entre Pequim e o Partido Nacionalista do território, pró — unificação, não conseguiram encontrar ressonância entre os eleitores taiwaneses, que nas últimas duas eleições deram a vitória ao Partido Democrático Progressista, que defende a independência do território.

Taiwan tem respondido às ameaças da China através da compra de mais armamento defensivo aos EUA e do estabelecimento de laços oficiosos com outros países, aproveitando as suas indústrias de alta tecnologia e sistema democrático.

O serviço militar obrigatório para homens foi também alargado, de quatro meses para um ano, e os inquéritos na opinião pública mostram elevados níveis de apoio ao aumento dos gastos com a defesa, para resistir às ameaças da China.

Em entrevista à agência Lusa, o almirante Lee Hsi-ming, ex-vice-ministro da Defesa de Taiwan, defendeu a mobilização e treino da população taiwanesa, para resistir a uma “iminente” invasão chinesa através de táticas de guerra assimétrica.

“Temos que nos libertar do pensamento convencional em matéria de Defesa”, frisou Lee Hsi-ming, que é também investigador no Project 2049 Institute, grupo de reflexão com sede em Washington, destacando que a ilha, de quase 24 milhões de habitantes, deve manter “prontidão de combate”, face a um conflito que considerou “iminente”.

O militar admitiu um aumento da preocupação em Taiwan com questões de defesa e segurança, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

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