Os líderes ocidentais já assumiram que a retirada de forças dos seus países implicará deixar para trás alguns civis e muitos afegãos que os ajudaram durante os 20 anos de intervenção no Afeganistão e comprometeram-se a falar com os talibãs para que deixem aliados afegãos sair do país após o fim do prazo determinado pelo Presidente norte-americano para a retirada: a próxima terça-feira.

Embora a maior parte dos aliados ocidentais já tenha terminado as suas operações de retirada, os Estados Unidos vão manter continuamente voos de evacuação até ao fim do prazo.

O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, afirmou hoje que as suas forças ocuparam posições dentro do perímetro do aeroporto e estão preparadas para tomar o controlo da infraestrutura quando os norte-americanos saírem, embora o Pentágono negue que assim seja.

Os talibãs deslocaram forças suplementares para o exterior do aeroporto para evitar grandes concentrações de pessoas, com novos postos de controlo nas estradas que conduzem ao aeroporto, alguns com combatentes fundamentalistas com veículos militares e óculos de visão capturados às forças militares afegãs.

As zonas onde as pessoas se tinham vindo a concentrar nas últimas semanas para encontrar uma saída do país estão agora praticamente vazias.

As autoridades norte-americanas garantiram que as suas forças militares estão a tomar todas as precauções possíveis no aeroporto, uma vez que se receia que o grupo Estado Islâmico repita atentados como o que na quinta-feira passada matou pelo menos 170 pessoas, entre as quais 13 soldados norte-americanos.

Os mortos norte-americanos, cujas identidades foram hoje reveladas, tinham entre 20 e 31 anos. Onze eram fuzileiros, um da Marinha e outro do Exército. Todos eram crianças quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em 2001 para evitar que o regime talibã, então no poder, continuasse a albergar terroristas.

O general norte-americano Hank Taylor revelou hoje no Pentágono que um ataque de ‘drone’ norte-americano matou dois responsáveis do ramo afegão do grupo terrorista Estado Islâmico responsável pelo atentado de quinta-feira, que fez também 150 feridos.

O atentado foi levado a cabo por um homem envergando um colete com explosivos ao passar nos controlos de segurança de acesso ao aeroporto de Cabul, o chamado Portão Abbey, onde se acumulavam milhares de pessoas com a esperança de poder fugir dos talibãs num voo norte-americano.