O general Rovisco Duarte justificou perante o Exército o pedido de demissão do cargo de Chefe do Estado-Maior do ramo afirmando que "circunstâncias políticas assim o exigiram", disseram à Lusa fontes militares.
"O Bloco de Esquerda regista a demissão do Chefe do Estado-Maior do Exército. E continuaremos a exigir é que o processo vá até ao fim, que se apurem todas as responsabilidades, com as consequências inevitáveis dessas mesmas responsabilidades, e é isso que estamos à espera", disse o deputado do BE João Vasconcelos, em declarações aos jornalistas no parlamento, em Lisboa
O BE, acrescentou, continua "a considerar que o que se passou em Tancos foi um ato muito grave e que revela uma das falhas das funções sociais do Estado na questão da Defesa".
"Exigimos que se apurem todas as responsabilidades, mas temos é que garantir que o Ministério Público faça o seu trabalho, sem pressões de qualquer ordem, e o BE estará nessa ordem de ideias", assegurou.
Questionado pelos jornalistas sobre se esta demissão chega tarde, João Vasconcelos escusou-se a comentar.
"O senhor Chefe do Estado-Maior do Exército veio diversas vezes à comissão de Defesa, deu os esclarecimentos que, na altura, entendeu dar. O Bloco de Esquerda colocou muitas questões relativamente a essa matéria e vamos aguardar", disse apenas.
Já em relação ao ‘timing' da demissão ser após a tomada de posse do novo ministro da Defesa, o deputado bloquista disse desconhecer os motivos, sabendo apenas "o que veio na comunicação social".
"Mas, estamos a aguardar mais esclarecimentos, mais desenvolvimentos sobre a matéria, até porque o processo prossegue os seus trâmites normais no âmbito do Ministério Público e é isso que continuaremos a aguardar", insistiu.
O Presidente da República recebeu hoje por carta o pedido de demissão do general Rovisco Duarte a pedir a resignação do cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército, que transmitiu ao Governo, a quem compete propor a exoneração das chefias militares.
A demissão de Rovisco Duarte acontece um ano depois da recuperação da maior parte do material, divulgada pela Polícia Judiciária Militar (PJM), em comunicado, no dia 18 de outubro de 2017, na Chamusca, a cerca de 20 quilómetros dos paióis de Tancos.
A investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da PJM e da GNR.
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