Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da bancada centrista João Almeida afirmou que a saída de Azeredo Lopes era inevitável.
“Porque, fomos os primeiros a dizê-lo, a desvalorização do que aconteceu em Tancos feita pelo ministro da Defesa tornou insustentável a sua permanência no Governo, pelo que representava em si, e por ter entrado em contradição com outros membros do Governo que consideravam grave o que tinha acontecido”, disse.
Para o deputado centrista, também foi tardia porque “foi fragilizando não só a imagem do ministro”, mas “também o prestígio da Forças Armadas”, que arrastado “nesta longa agonia” de “entre um assalto [em 2017] que foi desvalorizado, que não se esclareceu” e depois teve “desenvolvimentos ainda mais surreais”.
E é também reveladora, nas palavras de João Almeida, porque ainda na quarta-feira o primeiro-ministro, António Costa, disse manter a confiança em Azeredo Lopes, em resposta a uma pergunta da líder do CDS, Assunção Cristas, no debate quinzenal no parlamento, que acusou de “quebrar um consenso relativo às Forças Armadas que existia há 40 anos”.
“Quem quebra esse tipo de consenso é quem, num dia, diz que há todas as condições para o ministro se manter em funções e cerca de 48 horas depois esse ministro acaba por se demitir, não por algo que aconteceu entretanto, mas na sequência de um processo que se vinha a arrastar há mais de um ano”, concluiu.
O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, demitiu-se hoje do Governo para evitar que as Forças Armadas sejam "desgastadas pelo ataque político" e pelas "acusações" de que disse estar a ser alvo por causa do processo de Tancos, segundo a carta enviada ao primeiro-ministro, António Costa, e a que a agência Lusa teve acesso.
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