O debate das conclusões em plenário realizou-se hoje, menos de duas semanas depois de ser aprovado o relatório final, com os votos favoráveis do PS, PCP e BE, e os votos contra do PSD e do CDS, apresentado pelo deputado socialista Ricardo Bexiga.

À direita, PSD, através de Berta Cabral, e o CDS, por Telmo Correia, insistiram na tese do “branqueamento das responsabilidades” do Governo e do PS no processo, enquanto o deputado do PS Diogo Leão disse que “não se verificou qualquer interferência política” na ação do Exército ou na atividade da Polícia Judiciária Militar (PJM).

Já o deputado Jorge Machado, do PCP, recusou que o relatório ilibe o Governo e o ex-ministro da Defesa Nacional, recordando a conclusão de que Azeredo Lopes “desvalorizou um documento que lhe foi entregue”, o memorando entregue por dois membros da PJM.

Azeredo Lopes “demitiu-se porque teve esse erro de desvalorizar o documento que lhe foi entregue”, concluiu Jorge Machado.

E João Vasconcelos, do BE, apontou as conclusões de que houve “uma falha grave numa das funções do Estado, a defesa” no furto do material militar em junho de 2017, e recuperado três meses depois, na Chamusca.

À direita, as críticas voltaram a ser duras às conclusões da comissão de inquérito.

Pelo PSD, Berta Cabral considerou “absolutamente incompreensível” que a comissão conclua pela não responsabilização do executivo quando “um ministro da Defesa e um Chefe do Estado-Maior do Exército se demitiram exatamente na sequência desse processo”.

“Se isto não são consequências políticas, então o que é isto? É o elefante no meio do processo”, afirmou a deputada social-democrata.

Telmo Correia, do CDS, partido que propôs a comissão de inquérito acusou a maioria de esquerda de ser uma “grande máquina branqueadora” do que se passou em Tancos e acusou PS, PCP e BE não terem sido capazes de “assumir ou reconhecer” as responsabilidades daqueles que se demitiram no processo, o general Rovisco Duarte, ex-CEME, e Azeredo Lopes, ministro da Defesa

Numa frase, Telmo Correia considerou que Tancos pode resumir à “história de um roubo e três encenações”.

O “roubo” é do material militar, “a encenação da PJM” na recuperação do material, “a encenação do Governo”, por ter omitido informação” e terceira encenação foi a do relatório porque “esconde a verdade”, descreveu.

Num ponto, os partidos estiveram de acordo, ao concordarem que as conclusões e recomendações da comissão de inquérito sirvam para que não se repitam acontecimentos como o de Tancos.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 e, quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos o agora ex-diretor da PJM.

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