Na audição na comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos, ocorrido em junho de 2017, Joana Marques Vidal afirmou que essa denúncia passou por três juízes, no Porto e Leiria, que se declararam "incompetentes" para decidir, e no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

No TCIC, segundo relatou a antiga procuradora-geral, o juiz Ivo Rosa considerou que se tratava de indícios “demasiado vagos” para se avançar numa investigação que passariam por ações intrusivas, como escutas, por exemplo.

Questionada por Telmo Correia, CDS-PP, e Ricardo Bexiga, do PS, sobre se o curso dos acontecimentos não teria sido diferente se tivesse sido investigada esta denúncia, Joana Marques Vidal admitiu essa probabilidade, embora também tenha dito que hoje, depois de ser saber o que se passou em Tancos, é “mais fácil” ter uma opinião, formar juízos.

E recordou, por duas vezes, que a denúncia mencionava uma “ação em zonas do centro do país, relacionada com material que podia estar armazenado em instalações militares”, com “elementos demasiadamente superficiais” e “pouco credíveis”.

O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos, foi noticiado em 29 de junho de 2017 e parte do equipamento foi recuperado quatro meses depois.

O caso ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do crime.

Este processo levou à demissão, ainda em 2018, do ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e do chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.

A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.