"Não comento processos judiciais concretos", justificou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, referindo que tem dito "sempre o mesmo" sobre este caso: "Há que investigar cabalmente, integralmente e o mais rápido possível".

A este propósito, o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas realçou a informação de que "em setembro estariam encerradas estas investigações", considerando que "vai ao encontro desta preocupação de uma investigação profunda, integral, cabal e o mais rápida possível".

Sobre a possível coincidência da conclusão das investigações com o período de campanha para as eleições legislativas de 06 de outubro, declarou: "As investigações decorrem, quanto mais rápido, melhor, e o facto de haver ou não coincidência com campanha eleitoral, isso decorre da natureza cronológica das coisas".

Questionado se ficou surpreendido com a constituição como arguido do anterior ministro da Defesa, Marcelo Rebelo de Sousa retorquiu: "Isso já é comentar o processo, e eu não comento processos concretos".

Interrogado se admite que o processo chegue mais acima, o Presidente da República repetiu: "Não comento. O processo judicial está em curso, não comento".

Na quinta-feira, o anterior ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, foi constituído arguido no processo que investiga o furto de material militar dos paióis de Tancos, no distrito de Santarém, divulgado pelo Exército em junho de 2017, e a operação da Polícia Judiciária Militar de recuperação do material furtado, realizada sem o conhecimento da Polícia Judiciária, que era titular do processo.

Em comunicado enviado nesse dia à agência Lusa, Azeredo Lopes considerou que a condição de arguido, apesar de garantir mais direitos processuais, é "absolutamente inexplicável", tendo em conta que o seu envolvimento no processo "foi apenas de tutela política".

O relatório da comissão parlamentar de inquérito sobre o caso de Tancos, aprovado em plenário no dia 03 de julho por PS, BE e PCP, com votos contra de PSD e CDS-PP, exclui qualquer responsabilização direta de Azeredo Lopes e do primeiro-ministro, António Costa.

Nas conclusões, sustenta-se que "não ficou provado" que tenha havido interferência política na ação do Exército ou na atividade da Polícia Judiciária Milita, mas considera-se que o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, "secundarizou" o conhecimento que teve de "alguns elementos" de um memorando sobre a recuperação do material furtado.