Em declarações aos jornalistas na sede do PSD, em Lisboa, à entrada para um colóquio organizado com o Conselho Nacional de Juventude, Rui Rio admitiu que já estava “à espera” do que se passou hoje, depois de, no início de setembro, ter exortado à rapidez de atuação do Ministério Público.
“Estava efetivamente à espera, estava era à espera que já tivesse sido”, afirmou o presidente do PSD.
“Dentro da anormalidade do que aconteceu estamos agora a caminhar para a normalidade: descobrir o que aconteceu, punir quem deve ser punido e não voltar a acontecer semelhante coisa”, acrescentou.
Rui Rio salientou que, sendo habitualmente muito crítico do funcionamento da justiça, ficou “hoje particularmente satisfeito”, por, ainda que não se conheçam os “contornos exatos” do furto em Tancos, se perceber que se está “no trilho certo”.
“Folgo em saber que quer a Polícia Judiciária, quer o Ministério Público atuaram e é assim que deve ser. Fico contente com isso, o caso Tancos não se pode arrastar indefinidamente”, afirmou.
“Quando se dão passos positivos fico muito contente, para vivermos num Estado de direito democrático temos de ter um Estado de direito a sério”, acrescentou.
Questionado se haverá consequências políticas a retirar, Rui Rio preferiu centrar-se, por enquanto, no plano judicial.
“O Ministério da Defesa, o Governo, não conseguem explicar o que se passou. Vamos aguardar o desfecho da investigação. Estará em segredo de justiça durante um tempo, mas na devida altura vamos ser elucidados sobre o que se passou e é absolutamente vital perceber o que se passou em Tancos”, afirmou.
O diretor-geral da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira, foi detido hoje, estando entre os oito visados por mandados de detenção emitidos na Operação Húbris, relacionada com o caso das armas furtadas em Tancos, disseram à Lusa fontes da investigação.
Para além de Luís Vieira, os mandados de detenção visam quatro responsáveis da PJM, um civil e três elementos da GNR.
Em comunicado, a Procuradoria-Geral da República avançou que a PJ deteve hoje militares da Polícia Judiciária Militar e da Guarda Nacional Republicana e um outro suspeito e realizou buscas em vários locais nas zonas da Grande Lisboa, Algarve, Porto e Santarém.
Segundo a PGR, no inquérito que deu origem às detenções, “investigam-se as circunstâncias em que ocorreu o aparecimento, em 18 de outubro de 2017, na região da Chamusca, de material de guerra furtado em Tancos”.
Em causa, adianta o comunicado, estão “factos suscetíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, recetação, detenção de arma proibida e tráfico de armas”.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Em 18 de outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado, à exceção de munições de nove milímetros.
Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do material que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.
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