Esta posição foi assumida pelo vice-presidente da bancada socialista Pedro Delgado Alves, que citou o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, e o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, general Artur Pina Monteiro, para sustentar a tese de que "não existe qualquer relatório produzido pelos diferentes serviços de informações" sobre Tancos com o teor daquele que foi noticiado no sábado pelo semanário "Expresso".
"O PSD tem de explicar qual o motivo para ter contribuído de forma irresponsável - numa atitude que não é compaginável com o seu papel de partido estruturante da democracia - na divulgação e tentativa de credibilização de algo que não tem suporte na realidade", criticou o dirigente do Grupo Parlamentar do PS.
Pedro Delgado Alves acusou em seguida o PSD de procurar "alimentar uma polémica em período eleitoral" e apelou aos sociais-democratas para "abandonarem práticas que nada credibilizam nem o próprio partido nem as instâncias que neste momento estão sob escrutínio" por parte das entidades competentes na sequência do caso de Tancos.
"A responsabilidade de um partido com a história do PSD impõe em primeira linha o dever de não credibilizar, não divulgar e de não colocar em cima da mesa matéria sobre a qual não pode existir qualquer certeza, já que não estamos perante documentos oficiais", alegou o deputado socialista.
Perante os jornalistas, Pedro Delgado Alves referiu também que, "aparentemente, o PSD teve acesso a um relatório que quer colocar em cima da mesa como sendo produzido por uma entidade oficial, quando neste momento se demonstra de forma cabal que não há espaço para se brincar com uma matéria com esta importância".
"Qualquer matéria que seja colocada em cima da mesa com o mero intuito de criar perturbação numa matéria tão sensível como a de Tancos é manifestamente incompatível com o sentido de Estado de um partido responsável. As autoridades competentes apurarão o que sucedeu em Tancos", declarou.
Pedro Delgado Alves manifestou-se ainda surpreendido por o PSD, alegadamente, tem continuado a colocar na agenda política a discussão sobre um relatório, "mesmo depois de ter sido totalmente esclarecido que não tem a fonte que lhe é imputada e não corresponde à produção feita pelos diferentes serviços de informações".
"Estranhamos a atitude do PSD de divulgador de um relatório que não é atribuível a qualquer entidade. É manifestamente grave alimentar algo cuja credibilidade fracamente não existe", insistiu o vice-presidente da bancada socialista.
O semanário Expresso divulgou no sábado um relatório, que atribuiu aos serviços de informações militares, com cenários "muito prováveis" de roubo de armamento em Tancos e com duras críticas à atuação do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, na sequência do caso conhecido em 29 de junho.
No domingo, o ministro da Defesa admitiu que o noticiado relatório dos serviços de informações militares sobre o furto de armamento da base de Tancos tenha sido fabricado e que possam existir "objetivos políticos" na sua divulgação.
"Sabemos que não há nenhum relatório que tenha sido produzido pelos serviços de informações, quaisquer que eles sejam. E é importante saber quem foi, com que motivação foi fabricado esse documento, falsamente atribuído aos serviços de informações", afirmou à agência Lusa Azeredo Lopes.
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