Dono do grupo Barraqueiro, o empresário português de 75 anos tornou-se sócio no consórcio Atlantic Gateway com o brasileiro David Neeleman, em 2015.

O consórcio adquiriu uma participação de 61% na companhia aérea, numa privatização concretizada na reta final do Governo de PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho.

Mas a mudança de Governo, que passou a ser liderado pelo socialista António Costa, com o apoio do PCP e BE, levou o empresário novamente à mesa das negociações, reduzindo a participação do consórcio para 45% e reforçando a do Estado, de 39% para 50%. Os restantes 5% do capital ficaram nas mãos dos trabalhadores.

Quase um ano depois de ter fechado o acordo com o Governo de Passos Coelho, e após a reversão negociada com a esquerda política, Humberto Pedrosa disse não estar arrependido, apesar do atraso na concretização do negócio.

“Não estou, de maneira nenhuma, arrependido e acredito no sucesso da TAP. A TAP irá estar no topo das companhias aéreas”, afirmou o empresário, em outubro de 2016, pouco depois de ter recebido o prémio “Personalidade do Ano”, um reconhecimento da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira a personalidades do mundo empresarial dos dois países.

Na altura da assinatura do acordo que devolveu ao Estado 50% da TAP, em fevereiro de 2016, Humberto Pedrosa referiu que a “boa vontade e diálogo permitiram o casamento”.

“Inicialmente disse que o nosso projeto e o do Governo não casavam, mas a boa vontade de ambas as partes e o diálogo permitiram que terminasse em casamento, como não podia deixar de ser entre pessoas de boa-fé”, afirmou então o empresário.

Dias antes de a pandemia de covid-19 atingir o país, em março de 2020, a imprensa noticiava que Humberto Pedrosa estaria em negociações para a venda da posição na companhia aérea, o que o empresário negou, em declarações à Lusa, garantindo que estava “empenhado na recuperação” da TAP, que vinha a reduzir os prejuízos.

Com a operação parada devido às restrições de mobilidade para conter a propagação do vírus, a TAP entrou em dificuldades e o Governo decidiu nacionalizar a companhia aérea, comprando a participação de David Neeleman por 55 milhões de euros.

Humberto Pedrosa e o filho David Pedrosa saíram do conselho de administração da TAP SGPS, onde eram presidente e administrador, respetivamente, mas mantiveram-se como acionistas, deixando a empresa, de forma discreta, em dezembro de 2021.