"Temos que evoluir como sucedeu com a STCP [Sociedade de Transportes Coletivos do Porto] que não opera apenas no Porto, mas em cinco municípios, e nós temos de acompanhar os tempos que correm", afirmou, após uma reunião com o autarca Rui Moreira, o representante dos taxistas hoje em protesto na avenida dos Aliados.
E prosseguiu: “[Rui Moreira] percebeu que somos um transporte público, que somos úteis em qualquer cidade e que temos de ser funcionáveis e acessíveis a qualquer cidadão".
José Monteiro lembrou que no Porto os motoristas de táxi "estão a operar como há 50 anos" e que há necessidade de evoluir, acrescentando que Rui Moreira "ficou sensibilizado para o problema e percebeu a dimensão da nossa luta".
Sobre a posição manifestada pelo autarca, o vice-presidente da ANTRAL (Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros) acrescentou que Moreira "deixou a garantia da sua boa vontade para lutar pelo setor, transmitindo aos seus pares políticos, presidentes de câmara e aos decisores as preocupações [dos taxistas] e a necessidade de avançar para outra situação".
"Por estarmos restringidos ao concelho, e sob regras muito rígidas, isso obriga-nos, em alguns casos, a ter preços que não são muito competitivos", lamentou.
Perto de 1.500 táxis mantêm-se ao início da tarde de hoje parados em Lisboa, Porto e Faro, aguardando os resultados das reuniões que os representantes do setor vão ter no parlamento, segundo organizadores do protesto.
Os taxistas manifestam-se contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
Desde 2015, este é o quarto grande protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão, no parlamento, em 12 de julho, com os votos a favor do PS, do PSD e do PAN, os votos contra do BE, do PCP e do PEV, e a abstenção do CDS-PP.
A legislação foi promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de agosto.
Os representantes do setor do táxi enviaram à Assembleia da República um pedido para serem hoje recebidos pelos deputados, a quem vão pedir que seja iniciado o procedimento de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma e que, até à pronúncia do Tribunal Constitucional, se suspendam os efeitos deste, “por forma a garantir a paz pública”.
Um dos principais ‘cavalos de batalha’ dos taxistas é o facto de na nova regulamentação as plataformas não estarem sujeitas a um regime de contingentes, ou seja, a existência de um número máximo de carros por município ou região, como acontece com os táxis.
Desta vez, os táxis mantêm-se parados nas ruas e não realizam uma marcha lenta. Ao início de tarde, perto de 1.500 carros estavam concentrados nas três cidades, segundo a organização: perto de 1.000 em Lisboa, cerca de 200 em Faro e 280 no Porto.
A dois dias da manifestação, o Governo enviou para as associações do táxi dois projetos que materializam alterações à regulamentação do setor do táxi, algo que os taxistas consideraram "muito poucochinho", defendendo que o objetivo do Governo foi “desviar as atenções” da concentração nacional de hoje.
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