Lançado em dezembro, o James Webb passou quase todas as fases de calibração, permitindo capturar “as imagens mais nítidas” que um telescópio já produziu, destacou Michael McElwain, um dos cientistas da agência espacial norte-americana (NASA) responsável pelo projeto, em declarações aos jornalistas.

O James Webb é operado em conjunto pela NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadiana (CSA).

Michael McElwain explicou que há ainda uma série de operações que a equipa deve seguir antes de utilizar o telescópio para capturar imagens cientificamente úteis, tal como a ativação dos diferentes modos de medição que irá usar.

As imagens já produzidas foram feitas com o objetivo de calibrar os instrumentos e estas apresentam uma enorme diferença de nitidez em comparação com as do Spitzer, o telescópio infravermelho que será substituído.

Graças à sua grande sensibilidade, o James Webb poderá observar a luz das galáxias apenas algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang, o que dará uma ideia da formação do nosso universo.

"Irá transformar a visão que temos do nosso universo local", referiu Christopher Evans, cientista da ESA responsável pelo projeto.

Em meados de julho, o James Webb deverá fazer uma série de imagens de objetos físicos para demonstrar as suas capacidades de mediação científica, visto que, até agora, o telescópio apenas teve como alvo aglomerados de estrelas em locais bem estudados, como a Grande Nuvem de Magalhães, para testar a calibração dos seus instrumentos.

As imagens serão a cores, visto que a equipa utilizará um processo para transformar dados infravermelhos para cores visíveis pelos humanos, o que tornará as imagens comparáveis às do famoso telescópio Hubble.

Este observatório espacial, avaliado em cerca de 10.000 milhões de dólares (cerca de 8.800 milhões de euros) foi lançado em 25 de dezembro e o espelho, banhado a ouro, é o maior já lançado para o espaço.

O novo telescópio, que começou a ser desenvolvido há mais de 30 anos, teve o envio para o espaço sucessivamente adiado, ano após ano.

Engenheiros do ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade estão envolvidos na segurança das operações de lançamento e a astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da Agência Espacial Europeia (ESA), em Espanha, é responsável pela calibração de um dos instrumentos do Webb.

Os astrónomos esperam com o telescópio, que deve o seu nome a um antigo dirigente da NASA, obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas.

O James Webb permitirá captar a luz ténue de corpos celestes ainda mais distantes, de há 13,5 mil milhões de anos, quando o Universo era bastante jovem (a idade estimada do Universo pela teoria do Big Bang é 13,8 mil milhões de anos).

O novo telescópio é apontado como o sucessor do Hubble, em órbita há 31 anos, a 570 quilómetros da Terra.

Dada a distância a que estará da Terra, o Webb não poderá ser reparado em órbita, ao contrário do Hubble, pelo que a sua "esperança de vida" é curta, de cinco a dez anos.