Referindo-se à peça, Joana Vasconcelos descreveu-a como “uma ligação de paz, esperança, amor e tolerância entre o céu e a terra”, que ficará instalada junto à basílica da Santíssima Trindade, durante um ano, até maio de 2018.
O terço “Suspensão”, quando iluminado, vai parecer fluorescente, e é constituído por contas numa matéria plástica, ligadas entre si por ganchos de metal, com uma cruz de Vitrúvio, que “é um sinal de humanismo”, disse a artista plástica à agência Lusa.
Vasconcelos referiu que o tipo de material escolhido e o sistema elétrico que tem no seu interior é uma associação “aos objetos comuns que compramos em Fátima”.
Uma peça que foi feita especificamente para “estar em harmonia com a arquitetura do local e as celebrações do centenário", integrada na cultura e nas tradições locais, segundo a artista.
“Hoje disse-se já que há pessoas que não vão levar um terço, pois já têm lá um terço para rezar”, disse.
O projeto partiu de um convite do santuário de Fátima, não sendo a primeira vez que Joana Vasconcelos se inspirou na temática de Fátima: em 2003 apresentou “Fatima Shop”, que resultou de uma viagem, acompanhando peregrinos, que realizou àquele santuário, em 2002.
A artista afirmou que a arte sempre se associou aos grandes momentos históricos “e um artista deve estar presente quando é chamado a representar o seu país”.
“A arte ao longo dos anos, nomeadamente a escultura, tem-se associado sempre às grandes ocasiões, aos momentos históricos, e é o que um artista deve fazer. Deve estar presente, representar o seu país e os momentos históricos que são vividos pelo país, e quando é chamado a fazê-lo deve representá-lo, e foi isso que eu fiz”, disse Joana Vasconcelos, na cerimónia de apresentação conjunta de “Suspensão” e do documentário “As Faces de Fátima”, que o canal televisivo História estreia no próximo dia 08.
Para a artista, “é muito importante estar associada a este momento [o centenário das ‘aparições’ em Fátima e à visita papal]; é um momento importante da cultura portuguesa e que tem uma vertente artística”.
“Estou muito orgulhosa de poder representar essa vertente artística, de poder ter tido a oportunidade de pensar o fenómeno de Fátima”, prosseguiu.
Questionada sobre se era católica e acreditava em Fátima, Joana Vasconcelos declarou: "A fé é, sem dúvida alguma, algo que está em mim, na qual acredito. A partir daí, devo dizer que muitas coisas aprendi, nomeadamente quando fiz a peregrinação, e na verdade o papel do artista é trabalhar para o seu país e para o seu povo".
O terço, disse a artista plástica, “é uma peça que simboliza todos nós acreditarmos, todos nós estarmos presentes, para que a paz seja o futuro”.
A realização da estrutura em Fátima foi acompanhada pelo canal História, "com paciência e coragem", como disse a artista plástica, justificando que "espreitar por detrás da tela são sempre processos complicados".
O canal produzirá um documentário desta operação, a emitir em data a anunciar.
O papa Francisco será o quarto papa a visitar Fátima e vai presidir ao centenário dos acontecimentos na Cova da Iria.
Os anteriores papas a estar em Fátima foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).
No dia 13 de maio, Francisco vai presidir à cerimónia de canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, os mais jovens santos não mártires. A cerimónia é a primeira realizada em Portugal.
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