A presença da Tesla no salão automóvel de Xangai, a “capital” económica da China, foi esta semana ofuscada por manifestantes que alegavam que os veículos da Tesla têm “travões com defeito”.
O incidente atraiu a atenção dos visitantes, antes de os seguranças terem retirado os manifestantes.
A empresa disse que uma cliente da Tesla que participou da demonstração solicitou reembolso, após um acidente em fevereiro, alegadamente causado por uma falha nos travões.
As negociações pararam depois de a proprietária do automóvel ter recusado uma investigação de terceiros sobre o acidente para apurar se foi causado por um defeito ou por excesso de velocidade.
A Tesla acrescentou que se responsabilizaria por quaisquer problemas com os seus carros, ressalvando que não se compromete com “reclamações injustificadas”.
A reação da Tesla atraiu críticas da imprensa estatal chinesa e motivou um pedido de desculpas por parte da fabricante automóvel.
“Pedimos profundas desculpas por não termos resolvido o problema com a proprietária do carro com rapidez”, escreveu a Tesla na sua conta oficial no Weibo, o equivalente ao Twitter na China.
Uma equipa foi criada para lidar com o caso e cooperar com “qualquer investigação governamental”.
A reviravolta ocorreu depois de a empresa ter sido acusada de “fugir às suas responsabilidades” sempre que era criticada, segundo um artigo da Comissão Central da China para os Assuntos Políticos e Jurídicos, a principal autoridade legal do Partido Comunista.
A popularidade da Tesla na China vem do prestígio da marca junto dos consumidores, “mas a arrogância e a falta de respeito pelo mercado e pelos consumidores da China, não pode ser a resposta a esse prestígio”, apontou.
A agência noticiosa oficial Xinhua questionou: “Quem é que dá à Tesla a confiança para não se comprometer”.
O Modelo 3 da Tesla foi o carro elétrico mais vendido na China, em 2020, e o seu recentemente lançado veículo desportivo compacto Modelo Y também provou ser um sucesso.
As vendas da Tesla no país asiático ascenderam a 6,7 mil milhões de dólares, no ano passado, tornando a China o seu segundo maior mercado a seguir aos Estados Unidos.
O escrutínio público das empresas ocidentais que atendem aos consumidores chineses não é incomum e muitas vezes é alimentado pela imprensa estatal.
Isto ocorre também numa altura em que a Tesla enfrenta concorrência crescente no emergente mercado chinês de veículos elétricos. A ‘startup’ de veículos elétricos chinesa NIO Inc. revelou um quarto modelo de produção, no mês passado. A Li Auto Inc. e a Xpeng Inc, duas outras ‘startups’ chinesas, também estão a introduzir novos modelos no mercado.
Uma série de manchetes negativas nas últimas semanas ameaça minar o sucesso da Tesla no país.
Alguns complexos militares em Pequim proibiram, no mês passado, os proprietários de veículos da Tesla de estacionar dentro dos seus condomínios fechados, por temerem que as câmaras dos carros possam representar uma ameaça à segurança.
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