Numa das edições mais especiais do Festival d’Avignon, que assinala o regresso do certame após o cancelamento da edição de 2020 devido à pandemia, Tiago Rodrigues foi escolhido como o próximo diretor deste encontro de teatro e artes performativas à escala global, sucedendo a Olivier Py, cujo mandato termina no próximo verão.

A estreia da mais recente peça de Tiago Rodrigues marca hoje o arranque da 75.ª edição do festival naquela localidade francesa.

O festival desenrola-se até dia 25 e "O Cerejal", de Anton Tchekhov, com encenação do diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, vai fazer mais 10 récitas, para lá da estreia, até dia 17 de julho.

A apresentação da sua peça vai acontecer no emblemático e recém-restaurado Cour des Palais des Papes, o coração do Festival d'Avignon, onde Tiago Rodrigues vai dirigir, entre outros atores, a francesa Isabelle Huppert.

Tiago Rodrigues "feliz" por dirigir "o mais belo festival do mundo"

O encenador Tiago Rodrigues, próximo diretor do Festival d'Avignon, disse hoje que este é o "festival mais belo do mundo", agradecendo à França por ser novamente país de acolhimento, depois de ter recebido o seu pai durante a ditadura.

"Estou muito feliz por ser nomeado como próximo diretor do Festival d'Avignon. É o festival mais belo do mundo. É uma aventura a que vou consagrar todas as minhas energias, tentando continuar esta manifestação artística e de democratização do teatro", afirmou hoje Tiago Rodrigues, em conferência de imprensa, no claustro do Palácio dos Papas, naquela localidade francesa.

"Quero agradecer à França, país de acolhimento, uma sociedade diversa e aberta, que acolheu tantos portugueses, emigrantes e exilados. Entre eles, o meu pai, que escapou à ditadura portuguesa. Agora, este país, acolhe o seu filho", afirmou.

Tiago Rodrigues disse que vai deixar o Teatro Nacional D. Maria II nos próximos meses, agradecendo hoje em Avinhão à equipa que o acompanhou até agora em Portugal.

Na conferência de imprensa, Tiago Rodrigues falou em francês e português.

O próximo diretor do festival, que sucede a Olivier Py e se torna no primeiro responsável do evento fora da francofonia, disse-se "apaixonado" por Avinhão e que sempre foi bem acolhido nesta cidade da Provença.

"Fui muito bem acolhido aqui, desde a primeira vez que vim. É enorme, é caloroso e alimentou uma paixão que agora se consuma", concluiu.

Em 1946, o Festival d'Avignon começou por ser uma mostra de artes plásticas organizada por René Char, Christian Zervos e Yvonne Zervos, à qual se juntou Jean Vilar, ator e encenador, com três peças de teatro.

Jean Vilar acabou por ser o grande impulsionador do festival e lutou até ao fim da sua vida pela democratização do teatro. Foi também o diretor do Festival até à sua morte em 1971, tendo sido sucedido por diversas figuras de relevo do teatro.

Tiago Rodrigues foi escolha "natural" para dirigir Festival d'Avignon

Coube à governante Roselyne Bachelot-Narquin anunciar, no Palácio dos Papas, naquela localidade francesa, o nome de Tiago Rodrigues como sucessor de Olivier Py, até agora diretor do festival.

"A escolha impôs-se de forma evidente, uma escolha que se impôs de forma natural, quase de forma doce”, disse a ministra, precisando que Tiago Rodrigues vai entrar em funções a 01 setembro de 2022.

Tiago Rodrigues vai suceder a várias figuras de relevo do teatro francês, incluindo o fundador e maior impulsionador desta mostra, Jean Vilar, que liderou o festival durante 25 anos.

A ministra disse ainda que a proposta apresentada por Tiago Rodrigues é "ambiciosa" e "cheia de poesia".

A estreia da mais recente peça de Tiago Rodrigues marca hoje o arranque da 75.ª edição do Festival d'Avignon.

O festival desenrola-se até dia 25 e "O Cerejal", de Anton Tchekhov, com encenação do diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, vai fazer mais 10 récitas, para lá da estreia, até dia 17 de julho.

A ministra visitou esta manhã a estrutura recém-instalada na Cour des Palais des Papes, sítio mítico deste palmarés e que a partir de agora vai acolher cerca de 2.000 espectadores em melhores condições numa obra que custou 3,8 milhões de euros, financiados pelo Estado, mas também pela região.

"O Cerejal" de Tiago Rodrigues é a primeira peça a estrear-se neste palco renovado.

Com uma carreira de mais de duas décadas, Tiago Rodrigues tem sido presença regular em palcos internacionais, tendo sempre por base Portugal, seja através da companhia que criou, Mundo Perfeito, ou do compromisso assumido com o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, que dirige desde 2014 e onde viu recentemente renovado o mandato até 2023.

Prémio Pessoa em 2019, Tiago Rodrigues foi cofundador e diretor artístico da companhia Mundo Perfeito, tendo, ao longo de cerca de uma década, criado mais de 30 peças, apresentadas em cerca de 15 países da Europa, América do Sul, Médio Oriente e Ásia.

A primeira presença de Tiago Rodrigues no Festival d'Avignon aconteceu em 2015, onde apresentou a peça "António e Cleópatra", tendo voltado nos anos seguintes com diferentes trabalhos.

Na corrida à liderança deste festival estava ainda outro português, José Manuel Gonçalves, diretor do CentQuatre, um dos templos de teatro e arte contemporânea, em Paris, e também Claire Lasne Darcueil, diretor do Conservatório, assim como Romaric Daurier diretor do teatro Phénix, em Valenciennes.

Marcelo e Costa felicitam Tiago Rodrigues pela nomeação

"Felicito o encenador, dramaturgo e ator Tiago Rodrigues pela nomeação como diretor do Festival de Avignon, fundado por Jean Vilar em 1947", afirma o chefe de Estado, numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet.

Nesta mensagem de felicitações, realça-se que Tiago Rodrigues, atual diretor do Teatro Nacional D. Maria II, venceu a penúltima edição do Prémio Pessoa e "tem sido nos últimos anos um dos nomes mais celebrados do teatro português e europeu".

"Convidado para encenar Saramago na Royal Shakespeare Company, está hoje em Avignon com 'O Cerejal', de Tchékhov, com Isabelle Huppert, espetáculo de abertura oficial da 75.ª edição do Festival", refere-se ainda na mesma nota.

O primeiro-ministro português, António Costa, felicitou também o ator e encenador Tiago Rodrigues pela nomeação para diretor do Festival d’Avignon.

Numa mensagem partilhada na sua conta oficial no Twitter, António Costa destacou que esta “é a primeira vez que a escolha [para a direção do Festival d’Avignon] recai sobre um diretor não francófono”.

O primeiro-ministro lembrou que Tiago Rodrigues estreia hoje à noite “no mais prestigiado festival europeu de teatro” a sua encenação de “O Cerejal”, de Tchékhov.

Nomeação de Tiago Rodrigues "espelha reconhecimento das artes portuguesas"

A ministra da Cultura, Graça Fonseca, considerou hoje que a nomeação de Tiago Rodrigues espelha o “reconhecimento crescente das artes portuguesas no plano internacional”.

Numa série de três publicações na conta oficial do gabinete da ministra da Cultura no Twitter, recorda-se que, “ao longo dos seis anos em que foi diretor artístico do Teatro Nacional Dona Maria II, Tiago Rodrigues foi um embaixador da Cultura contra o ódio e a intolerância”.

“Fez do seu e nosso teatro um palco de Humanidade e casa da Democracia”, lê-se numa das publicações.

Graça Fonseca salienta que a “consistência, tenacidade e arrojo artísticos” de Tiago Rodrigues, “enquanto criador teatral que está atento às problemáticas e inquietações da sociedade contemporânea, revelaram sempre uma atitude comprometida com o seu tempo”.

A ministra da Cultura destaca ainda que a nomeação do ator e encenador para dirigir o Festival d’Avignon “espelha, também, a visibilidade, afirmação qualitativa e reconhecimento crescentes das artes portuguesas no plano internacional”.

[Artigo atualizado às 13:52]

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