Em declarações à Lusa, no local que seria o espaço da mais recente unidade hospitalar do Grupo Trofa Saúde, o diretor-adjunto da obra afirmou que "não foi dada nenhuma indicação para parar com a construção", adiantando que estão já a avançar com a instalação da estrutura de betão armado no edifício.
No passado dia 22, o Jornal de Negócios avançou com a notícia de que o grupo hospitalar português "desistiu" de construir aquele que seria o primeiro hospital da Trofa Saúde na cidade do Porto, localizado no fundo da Avenida 25 de Abril, em Campanhã, no Porto.
"Dono de 14 hospitais, sobretudo na região Norte, o grupo de António Vila Nova já não vai ocupar o gigante edifício, em fase final de construção, que se ergue na zona oriental do Porto, num investimento que estava orçado em mais de 70 milhões de euros", garante o Jornal de Negócios.
O edifício, que tem uma área de construção superior a 31 mil metros quadrados e é composto por duas estruturas já erguidas, uma das quais com 13 pisos, deverá ficar concluído a 8 de fevereiro de 2020.
Também o Jornal de Notícias (JN), no dia 23 de agosto, avançava com a notícia de que "um desacordo quanto ao custo da obra" entre a construtora - o Grupo ABB - Alexandre Barbosa Borges - e o grupo hospitalar português terá sido o motivo da "desistência".
Segundo o jornal, o empreiteiro, a Socimpacto, do Grupo ABB - Alexandre Barbosa Borges, "parou a obra" por desacordo quanto ao preço e pôs uma ação no Tribunal Cível de Braga a solicitar a resolução do contrato e uma indemnização prevista numa das suas cláusulas, no valor de 2,5 milhões de euros.
"Na ação, a ABB - Alexandre Barbosa Borges, SA diz que o contrato assinado com o Trofa Saúde em 2014 previa a construção, em Campanhã, de um edifício com 16 a 18 mil metros quadrados, mais uma área para 400 lugares de estacionamento", diz o JN, adiantando que a construtora se comprometia a comprar os terrenos e edificar a unidade de saúde.
Em contrapartida, a Trofa Saúde teria, durante o primeiro ano, de pagar uma renda mensal de 130 mil euros, valor a que acresciam 20 mil euros nos anos seguintes.
No contrato estava prevista a construção de oito ou nove pisos, cada um com dois mil metros quadrados, contudo, a construtora defende na ação que o "programa" apresentado pelo grupo hospitalar "implicava a ampliação do projeto de 18 para 32 mil metros quadrados de área, a que acresceriam 635 metros quadrados de aparcamento".
Alterações e ampliações que "implicavam necessariamente uma revisão do preço da renda e do custo de compra pela empresa de saúde", defende a firma, adiantando que em 2018, “pediu a reorçamentação do projeto", uma vez que este passaria a custar mais 12,5 milhões do que o acordado (37,5 milhões de euros no total).
"Garante que já investiu 12 milhões na obra, e que tentou a via do diálogo, mas, como tal não teve efeito, recorreu à via judicial. Pede 2,5 milhões de indemnização e a resolução do contrato. Em alternativa aceita a simples resolução ou a anulação do negócio", adianta o JN.
Também o Jornal de Negócios avança, com base em declarações de fontes próximas do processo, que o edifício poderá ser "convertido em hotel".
Contactada pela Lusa, a Câmara Municipal do Porto afirma não ter recebido "qualquer registo de pedido de alteração ao processo licenciado para o local".
Em contrapartida, o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos diz ter tido conhecimento da situação uma vez que o edifício se situa "muito perto da Junta" e também "através do vereador da Câmara Municipal do Porto", Pedro Baganha.
A Lusa tentou contactar o Grupo Trofa Saúde e o Grupo ABB - Alexandre Barbosa Borges, mas até ao momento ainda não obteve nenhuma resposta.
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