Walz, governador do estado norte-americano do Minnesota, era um de três políticos democratas nos quais Kamala Harris tinha focado a sua busca por um parceiro de candidatura, sendo os outros o governador da Pensilvânia Josh Shapiro e o senador do Arizona Mark Kelly.

"Tenho orgulho em anunciar que pedi ao Tim Walz para ser meu companheiro de corrida", anunciou Kamala Harris na rede social X.

"Como governador, treinador, professor e veterano, ele trabalha pelas famílias como a dele. É ótimo tê-lo na equipa. Agora vamos trabalhar", adiantou a candidata, nomeada hoje oficialmente pelo Partido Democrata para disputar a corrida à Casa Branca com o republicano Donald Trump.

Pouco conhecido fora do seu estado, o candidato de sessenta anos tem-se destacado nas últimas semanas pelas repetidas críticas ao ex-presidente (2017-2021) e candidato republicano Donald Trump que descreve como "pessoa estranha" (weird, no original em Inglês).

"Não temos medo das pessoas estranhas", disse o líder democrata durante um evento de campanha. "Acredito na minha experiência como professor: os agressores não têm poder nenhum".

É natural do estado de Nebraska (centro dos EUA) e está no mundo do ensino há muitos anos, principalmente como professor de geografia e treinador de futebol americano. Também deu aulas durante alguns meses na China, logo após os famosos protestos dissidentes na Praça Tiananmen, em Pequim, na primavera de 1989.

"O fato de poder estar numa escola de ensino médio chinesa naquele momento crucial foi realmente essencial", confessou anos depois perante uma comissão do Congresso dos EUA, onde serviu durante 12 anos.

Quando circularam os primeiros rumores sobre a sua designação como parceiro eleitoral de Harris, alguns internautas questionaram se ambos tinham realmente a mesma idade.

"Fui supervisor de refeitório durante 20 anos. Não se faz esse trabalho sem arrancar os cabelos", respondeu o governador com humor na sua conta na rede social X.

Pelo aborto e contra o racismo

Em janeiro de 2019, Walz tornou-se governador de Minnesota, um estado da região dos Grandes Lagos, que faz fronteira com o Canadá.

Apenas um ano depois, foi forçado a conciliar duas grandes crises: a pandemia de covid-19 e a morte de George Floyd, um homem negro que morreu sufocado sob os joelhos de um polícia branco numa escandalosa operação policial.

Minneapolis, a maior cidade daquele estado, acabou tomada por violentos protestos pela morte de Floyd, o que desencadeou um enorme movimento de manifestações antirracistas nos Estados Unidos durante muitos meses.

Os republicanos acusam o governador de ser muito frouxo na sua estratégia contra a criminalidade, enquanto os democratas elogiam o seu histórico na defesa dos direitos civis, como a proteção do direito ao aborto, questão transcendente nas discussões da campanha eleitoral.

Após a decisão da Suprema Corte dos EUA, em junho de 2022, que derrubou as proteções constitucionais para o aborto, Walz  comprometeu-se a transformar o seu estado num refúgio para mulheres que buscam a interrupção assistida da gravidez.

Uma clínica, localizada no estado vizinho de Dakota do Norte – muito mais repressiva nas regulamentações – mudou-se então para o outro lado da fronteira.

Em março de 2024, participou com Harris da primeira visita de uma vice-presidente a uma clínica de aborto. Em novembro, espera fazer história ao chegar à Casa Branca.

* Com Lusa e AFP.