Este ataque incomum ocorre num momento de intensificação da violência na Cisjordânia, onde Israel lançou uma operação de grande escala paralela à guerra na Faixa de Gaza.

O exército israelita afirmou que um agressor "aproximou-se da área da ponte Allenby vindo da Jordânia num camião, saiu e abriu fogo contra as forças de segurança israelitas que estavam a operar na ponte". O homem foi abatido, acrescentaram os militares.

O ministério do Interior da Jordânia indicou que o autor do ataque era um cidadão do reino identificado como Maher Diab Husein al Jazi.

O ataque ocorreu na ponte Allenby, também conhecida como ponte Rei Hussein, que é utilizada tanto por viajantes como para o transporte de mercadorias entre a Cisjordânia, um território palestiniano ocupado por Israel desde 1967, e a Jordânia. Este ponto de passagem, o vale do Jordão, é o único acesso à Cisjordânia sem entrar em Israel.

Milhares de pessoas passam diariamente por este posto, que está em território palestiniano, mas é controlado pelas forças de segurança israelitas, junto com agentes de segurança privada.

No ataque, morreram três civis israelitas que trabalhavam como guardas de segurança no posto, mas que não eram polícias nem agentes do exército, informaram as autoridades israelitas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, chamou ao agressor "terrorista desprezível" inspirado por uma "ideologia assassina" que, segundo ele, é incitada pelo Irão. O Hamas, que governa Gaza, celebrou o ataque, mas não se responsabilizou por ele.

Intensificação da violência na Cisjordânia

No dia 28 de agosto, o exército israelita lançou operações simultâneas em várias cidades e campos de refugiados no norte da Cisjordânia, com um balanço de pelo menos 36 palestinianos mortos, segundo o Ministério da Saúde palestiniano com sede em Ramallah. O exército afirmou ter eliminado 35 combatentes, e o Hamas e a Jihad Islâmica Palestiniana anunciaram que pelo menos 14 militantes morreram.

Desde 7 de outubro, os ataques de militares ou colonos israelitas mataram pelo menos 662 palestinianos na Cisjordânia, de acordo com o Ministério da Saúde palestiniano. Pelo menos 23 israelitas, incluindo membros das forças de segurança, morreram em ataques de palestinianos durante o mesmo período, apontam as autoridades israelitas.

O conflito em Gaza começou em 7 de outubro, quando um ataque de combatentes do Hamas em Israel provocou a morte de 1.205 pessoas, a maioria civis. Os militantes islamistas sequestraram 251 pessoas: 97 continuam detidas em Gaza, das quais 33 são consideradas mortas pelos militares israelitas.

Em resposta ao ataque, Israel prometeu destruir o Hamas e lançou uma vasta represália com bombardeamentos que já causaram 40.972 mortes no território palestiniano, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. A maioria das vítimas são mulheres e crianças, de acordo com a ONU.

O exército israelita continuou sua ofensiva em Gaza e lançou vários bombardeamentos neste domingo. A Defesa Civil de Gaza informou que dezenas de pessoas morreram.

Após 11 meses de guerra, estima-se que os 2,4 milhões de palestinianos que vivem em Gaza tenham sido deslocados pelo menos uma vez desde o início do conflito.

"Sair de um lugar para outro é stressante porque não há nenhum lugar seguro", relatou Raid Hamad, um paciente de cancro, originário de Khan Yunis. "Quando fugimos, fazemo-lo sob os bombardeamentos (...) Perdi muito peso e estou exausto."

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, visitou o corredor de Netzarim, no centro de Gaza, neste domingo, onde reiterou a sua promessa de eliminar o Hamas. Gallant disse que os militares estão vigilantes na fronteira norte, onde o exército está envolvido em duelos de artilharia de baixa intensidade com militantes do movimento libanês Hezbollah.

"Enquanto vocês lutam em Gaza, nós preparamo-nos para qualquer coisa que possa acontecer no norte", declarou Gallant aos soldados. "A mudança no centro de gravidade pode ocorrer rapidamente e isso pode envolvê-los em um curto espaço de tempo."

Estados Unidos, Qatar e Egito estão há meses a mediar para tentar alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Mas as hipóteses de que um acordo seja concretizado têm diminuído nas últimas semanas, já que ambas as partes permanecem firmes nas suas posições.

O Hamas exige que o exército israelita retire-se completamente do território palestiniano, mas Netanyahu insiste que as suas tropas devem permanecer no "corredor Filadélfia", na fronteira entre Gaza e Egito.