A juíza Emma Arbuthnot rejeitou um recurso apresentado pelos advogados de Julian Assange para a revogação do mandado de detenção.
"Não estou convencida de que o mandado possa ser retirado", disse Arbuthnot, perante os defensores de Assange, jornalistas e apoiantes do fundador do WikiLeaks, no Tribunal de Westminster.
Assange refugiou-se na representação diplomática equatoriana em junho de 2012 para evitar a extradição para a Suécia, onde as autoridades investigavam alegadas práticas de crimes sexuais contra duas mulheres, em 2010.
No entanto, os procuradores suecos arquivaram o processo no ano passado, considerando que não havia perspetivas de extraditar Assange para a Suécia num futuro próximo.
Os advogados do fundador do WikiLeaks recorreram por isso do mandado de detenção em vigor no Reino Unido, considerando que Assange já não é procurado pela justiça sueca.
Porém, Assange ainda é alvo de um mandado no Reino Unido por ter violado os termos da sua liberdade condicional em 2012.
Se a juíza tivesse decidido a favor de Assange, o fundador do WikiLeaks estaria livre de deixar a embaixada do Equador na capital inglesa sem ser detido.
Contudo, o australiano Julian Assange suspeita da existência de uma acusação secreta dos Estados Unidos por causa da publicação pelo WikiLeaks de documentos secretos norte-americanos e acredita que as autoridades dos Estados Unidos procurarão a sua extradição.
Todavia, esta segunda-feira, dia 5 de fevereiro, Assange ganhou algum esperança no seu caso, quando o Tribunal Superior de Londres bloqueou a extradição para os Estados Unidos de Lauri Love, determinando que o ‘hacker’ pode ser julgado no Reino Unido.
Love, 32 anos, recorreu da ordem de extradição assinada em novembro de 2016 pelo Ministério do Interior britânico alegando recear pela sua saúde se fosse detido nos Estados Unidos, uma vez que sofre de depressão e da síndrome de Asperger, uma forma de autismo.
Um hóspede incómodo para o Equador
No ano passado, o procurador-geral norte-americano, Jeff Sessions, disse que a detenção de Assange era "uma prioridade".
O pedido do fundador do WikiLeaks surge pouco depois do Equador lhe conceder cidadania e status. Uma representante da Embaixada revelou que as autoridades de Quito decidiram conceder a cidadania a Assange enquanto procuram formas para lidar com a atual situação judicial do jornalista.
“A nacionalidade foi concedida em 12 de dezembro de 2017", referiu a chefe da diplomacia do Equador numa conferência de imprensa, explicando que o governo de Quito pediu às autoridades britânicas para atribuirem um estatuto diplomático, algo que foi recusado pelo executivo de Londres.
A recusa também foi foi prontamente confirmada pela diplomacia britânica.
"O Equador sabe que a única maneira de resolver este assunto será quando Assange abandonar a embaixada e enfrentar a Justiça", declarou um porta-voz do Ministério britânico para os assuntos internacionais.
A situação de Assange transformou-se "numa pedra no sapato" do Equador, como admitiu o presidente, Lenín Moreno, que herdou o imbróglio do seu antecessor. Agora, procura remediar a situação e arranjar soluções para o problema.
Em várias ocasiões, o governo de Quito criticou o hóspede por este se envolver nos assuntos de outros países, como no caso das eleições norte-americanas — durante as quais o WikiLeaks divulgou e-mails comprometedores do staff de Hillary Clinton —, ou na recente crise política na Catalunha, onde se posicionou a favor dos separatistas.
Assange é visto apenas na escadaria da embaixada; é o único lugar onde lhe é permitido apanhar algum ar fresco, por razões de segurança, e suas aparições públicas estão limitadas a eventuais videoconferências. Porém, costuma receber visitas.
A embaixada do Equador fica no bairro de Knightsbridge, ao lado da colombiana.
"A nossa opinião profissional é que o seu confinamento contínuo é-lhe perigoso física e mentalmente", revelaram ao The Guardian, dois médicos que o visitaram e o examinaram em outubro do ano passado.
"A nossa avaliação revela que não teve acesso à luz do sol, à ventilação adequada, ou a um espaço externo durante mais de cinco anos e meio", relataram os médicos. Tudo isto "teve um custo físico e psicológico considerável", acrescentaram.
[Artigo atualizado às 16:40]
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