
O Conselho de Ministros de Israel, reunido na noite de quinta-feira, aprovou o pedido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para demitir Ronen Bar.
O Movimento por um Governo de Qualidade denunciou em comunicado uma “decisão ilegal […] que representa um risco real para a segurança nacional”.
O partido de centro-direita Yesh Atid, do líder da oposição Yair Lapid, anunciou que tinha apresentado um recurso em nome de vários movimentos da oposição e denunciou uma “decisão tomada devido a um flagrante conflito de interesses do primeiro-ministro, com base em considerações estrangeiras”.
A demissão surgiu após o Shin Bet receber instruções do Ministério Público israelita para investigar alegadas ligações de funcionários do gabinete do primeiro-ministro ao Qatar, um caso conhecido como “Qatargate”.
Netanyahu defendeu que a decisão de despedir Bar foi tomada depois de ter perdido a confiança no diretor do Shin Bet, e acusou a procuradora-geral Gali Baharav-Miara, de “traição perigosa” e “tentativa de usurpar o Governo” após esta posicionar-se contra a legalidade desta demissão pelo Governo.
Esta é a primeira vez na história israelita que um Governo despede o líder do Shin Bet.
De acordo com a imprensa israelita, que cita um comunicado gabinete do primeiro-ministro, a decisão de demitir Bar foi aprovada por unanimidade.
A procuradora-geral Gali Baharav-Miara compareceu na reunião do Governo, enquanto Bar não esteve presente.
Bar deixará o cargo a 10 de abril ou até antes, se for até lá nomeado um novo chefe do Shin Bet, refere o jornal Jerusalem Post.
O responsável do Serviço de Segurança Interna tinha ainda 18 meses de mandato por cumprir.
Bar respondeu esta semana à vontade de Netanyahu de o demitir, através de uma declaração na qual sublinhou que “o dever de confiança do diretor do Shin Bet é, antes de mais, para com os cidadãos de Israel”.
“A expectativa de lealdade pessoal do primeiro-ministro é fundamentalmente errónea e diretamente contrária à lei do Shin Bet”, adiantou.
Antes da votação do gabinete sobre a demissão de Bar, centenas de israelitas protestaram em frente do gabinete do primeiro-ministro em Jerusalém.
Durante o dia, o Presidente israelita, Isaac Herzog, manifestou-se “profundamente perturbado” com o recomeço dos ataques na Faixa de Gaza e consequência destes no regresso dos reféns ali mantidos, desafiando Benjamin Netanyahu.
“É inconcebível enviar os nossos filhos para a frente de batalha e, ao mesmo tempo, promover iniciativas controversas que (…) criam divisões profundas no seio da nossa nação”, acrescentou Herzog, num vídeo publicado nas redes sociais.
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