O acordo foi assinado no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, pelo Procurador-geral do TPI, Karim Khan, e o Presidente Nicolás Maduro, que manifestou estar em desacordo com a passagem à fase de investigação, mas prometeu colaborar.
“À medida que avançamos neste caminho, entramos numa nova fase, e estou satisfeito por, através das cartas que acabámos de assinar, nos comprometermos a trabalhar em colaboração positiva e de forma independente”, anunciou o procurador.
Desde 08 de Fevereiro de 2018 que o TPI investiga a Venezuela, para determinar a existência de fundamentos para a abertura formal de uma investigação sobre alegados crimes cometidos no contexto de violentas manifestações antirregime ocorridas em 2017.
A Venezuela acusa o Grupo de Lima (coligação de vários países da América Latina que procuram uma mudança de regime na Venezuela), de promover a investigação contra Caracas no TPI.
Em novembro de 2020 a ex-procuradora-geral do TPI, Fatou Bensouda, disse que existia “uma base razoável para acreditar” que na Venezuela foram cometidos crimes que lesam a humanidade, desde 2017, e “de competência daquele organismo”.
Hoje, Karim Khan explicou ainda que o seu gabinete “trabalhará sempre em conformidade com o Estatuto de Roma”.
“Peço a todos que, à medida que avançamos para esta nova fase, deem ao meu gabinete o espaço de que necessita para realizar o seu trabalho”, apelou.
O procurador explicou ainda que está “plenamente consciente das falhas que a Venezuela está a atravessar e que existem”.
“Vou, francamente, analisar e ter em conta, e não gostaria que se fizesse esforço algum para politizar o trabalho independente que o meu gabinete realiza”, sublinhou Karim Khan.
O Procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, iniciou domingo uma visita à Venezuela, para reuniões de alto nível com as autoridades venezuelanas.
A visita, segundo o TPI, tem o propósito de intensificar as relações diretas, em consonância com o princípio de complementaridade do Estatuto de Roma.
Durante a conferência de imprensa, que foi transmitida pela televisão estatal venezuelana, o Presidente Nicolás Maduro disse existir opiniões diferentes sobre a decisão e convidou a equipa de Karim Khan a regressar ao país para continuar com a investigação.
“Da avaliação e do debate, o Procurador decidiu passar à seguinte fase. Não partilhamos a decisão, mas respeitamos (…) e submetemo-nos profundamente à letra deste documento histórico que foi assinado”, disse Nicolás Maduro.
Nicolás Maduro explicou que durante a visita de Karim Khan a Caracas houve um diálogo positivo e franco com o Procurador e sublinhou que “com o memorando (assinado) emerge uma grande verdade", de que "a Venezuela garante a justiça com instituições que estão na disposição de melhorar”.
“Sou o primeiro que quer saber a verdade, que se saia das dúvidas que possam ter sido criadas, das campanhas mediáticas e de redes sociais. Digo-lhe que sou um homem de Deus, um crente profundo. Em nome de Deus peço a verdade, peço justiça para o nosso país”, disse Maduro ao Procurador.
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