Rui Mesquita Amorim fez depender eventuais declarações de uma possível conversa com o advogado que escolheu.

O causídico em causa não compareceu hoje em tribunal, como já tinha feito na quarta-feira, levando a que o início do julgamento fosse então adiado por 24 horas e com o arguido a ser representado por uma advogada oficiosa.

O arguido está a ser julgado por um tribunal de júri (três juízes profissionais e quatro jurados) na Instância Central Criminal do Porto, na sequência de um requerimento do Ministério Público.

Em causa estão dois crimes de homicídio qualificado e outros tantos de profanação de cadáver, segundo um despacho de acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

Rui Mesquita Amorim terá consumado os dois homicídios por que é acusado em julho de 2018, concluiu uma investigação policial “de muito elevada complexidade”, que deu origem à acusação do DIAP.

“Aproveitou uma saída precária de cinco dias para cometer os homicídios dos dois indivíduos, seus conhecidos do ambiente prisional”, relatou a Polícia Judiciária (PJ) no termo investigação, dois anos após os factos.

A meio da manhã, um inspetor-chefe da PJ ligado à investigação começou a explicar detalhes do caso ao tribunal de júri.

Os crimes foram cometidos na Póvoa de Varzim e Vila do Conde, distrito do Porto, e a PJ concluiu que a segunda vítima foi morta “por conhecer as circunstâncias do desaparecimento e morte da primeira”.

O que desencadeou toda a investigação foi a notícia do desaparecimento de um membro do chamado "Gangue de Valbom" (Gondomar), Fernando Trico, que em 2006 e 2007 assaltou dezenas de ourivesarias e farmácias e que Rui Amorim conhecera na cadeia de Coimbra.

Entre outros crimes por que já foi condenado, Rui Amorim protagonizou em 1995 o massacre de Vila Fria, em Viana do Castelo, matando à facada um tio, uma tia e um sobrinho.