“Assinarei um perdão total e completo para Susan B. Anthony. Ela nunca foi perdoada. Porque demorou tanto tempo?”, questionou Donald Trump, no final de umas breves declarações na Casa Branca.
Numa cerimónia comemorativa da ratificação da 19.ª Emenda da Constituição, que reconheceu o direito de voto às mulheres, Trump disse que essa “foi uma vitória monumental para a igualdade e a justiça e uma vitória monumental para os EUA”.
“As mulheres dominam os Estados Unidos. Posso dizer isso com muita firmeza”, acrescentou o Presidente, recordando que no Congresso, de 535 membros, 131 são mulheres, que quase 70 milhões de mulheres votam nas eleições, que mais de metade dos alunos nas universidades é composto por mulheres e milhões são donas de pequenas empresas.
A 77 dias das eleições presidenciais, todas as sondagens mostram que o candidato democrata, Joe Biden, está à frente de Trump e que essa preferência é ainda mais notória no voto feminino.
Susan B. Anthony, nascida numa família ‘quaker’ no Estado de Massachusetts, envolveu-se aos 17 anos na luta pelo abolicionismo e, em 1863, fundou a Liga Nacional das Mulheres que levou a cabo a maior campanha na história dos EUA, até então, ao recolher quase 400.000 assinaturas em apoio à abolição da escravatura.
Um ano após a emancipação dos escravos, em 1866, Anthony lançou a Associação Norte-Americana para a Igualdade de Direitos e a campanha pelo direito de voto das mulheres e afro-americanos recentemente libertados da escravidão.
A sufragista baseou-se na 14.ª Emenda à Constituição, ratificada em 1868, e de acordo com a qual “nenhum Estado fará ou aplicará qualquer lei que limite os privilégios ou imunidades dos cidadãos dos EUA”, para encorajar as mulheres a comparecer para votar.
A tática, audaciosa para a época, consistia em as mulheres apresentarem-se para votar no dia das eleições e, caso vissem o seu direito de voto negado, iniciassem ações judiciais por violação aos seus direitos de cidadania.
Por essa prática, Anthony foi detida em 1872, sob acusação de voto ilegal, e após um julgamento que alcançou a notoriedade internacional, foi condenada a pagar uma multa de 100 dólares (88 euros). A ativista disse que nunca iria pagar um centavo da multa e o tribunal decidiu desistir rapidamente do assunto.
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