"Eles só conseguiram trazer estes casos a tribunal porque eu me candidatei à presidência novamente. Isto é um esquema" - realçou Trump numa conferencia de Imprensa esta tarde na torre com o seu nome em Nova Iorque.
O ex-presidente norte-americano Donald Trump lançou hoje novos ataques ao juiz e a uma das testemunhas-chave do julgamento criminal em Nova Iorque e reiterou que irá recorrer do veredicto de culpa proferido por um júri.
As declarações do também provável candidato republicano às eleições presidenciais de novembro foram feitas hoje, dia que marcou o regresso à campanha eleitoral horas após ter sido condenado por tentar influenciar ilegalmente as eleições de 2016 ao falsificar registos comerciais para esconder pagamentos relacionados com um caso extraconjugal com uma atriz pornográfica.
No mesmo tom desafiador que adotou desde o início do julgamento, Trump argumentou que o veredicto é ilegítimo e politicamente motivado, procurando minimizar as alegações subjacentes ao caso.
“Não é 'comprar o silêncio'. É um acordo de sigilo, totalmente legal, totalmente comum”, advogou.
Numa mensagem destinada a galvanizar os seus apoiantes, declarou: “Se eles podem fazer isto comigo, podem fazer isto com qualquer um”.
Trump começou por atacar o atual chefe de Estado, Joe Biden, nas políticas orçamentais e de imigração antes de voltar ao seu caso, declarando que foi ameaçado de prisão se violasse uma ordem de silêncio.
Trump classificou os procedimentos do julgamento como injustos, fazendo declarações falsas e deturpadas sobre os procedimentos.
O ex-presidente dirigiu então violentas críticas a Michael Cohen, o seu ex-advogado e a principal testemunha do caso, chamando-o de “desprezível”.
Já o juiz responsável pelo caso, Juan Merchan, foi classificado como "um tirano".
"Nunca houve um juiz mais conflituoso”, disse Trump sobre Juan Merchan.
“Vocês viram o que aconteceu com algumas das testemunhas que estavam do nosso lado. Foram literalmente crucificadas por este homem que parece um anjo, mas é realmente um demónio" acrescentou.
O ex-presidente Donald Trump (2017-2021) foi considerado culpado na quinta-feira de ter falsificado documentos para encobrir um escândalo sexual na campanha presidencial de 2016.
Trump, que deverá ser o candidato dos republicanos em novembro contra o democrata e atual Presidente, Joe Biden, negou todas as acusações.
É a primeira vez que um antigo Presidente dos Estados Unidos é considerado culpado por um delito penal.
A sentença será proferida em 11 de julho por um juiz do tribunal de Manhattan, quatro dias antes da convenção do Partido Republicano que deverá apresentar Trump como candidato contra Biden.
Um dos seus advogados, Todd Blanche, já anunciou que Trump irá “recorrer o mais rapidamente possível”.
A prisão é teoricamente possível, sendo a falsificação de documentos contabilísticos punível com pena de até quatro anos de cadeia, no estado de Nova Iorque.
Na ausência de antecedentes criminais do arguido de quase 78 anos, o juiz pode aliviar a sentença, com uma pena suspensa com liberdade condicional ou serviço comunitário, bem como uma multa.
O magnata republicano reiterou hoje que irá recorrer da decisão proferida na quinta-feira por um júri composto por 12.
Trump falou por pouco mais de 30 minutos e não respondeu a perguntas. O filho Eric Trump e a nora Lara Trump juntaram-se ao ex-presidente, mas a sua mulher, Melania Trump, que se manteve publicamente em silêncio desde o veredicto, não foi vista.
Do lado de fora, na 5ª Avenida de Manhattan, apoiantes reunidos do outro lado da rua exibiam uma enorme placa vermelha em que se podia ler: “TRUMP OU MORTE”. Um pequeno grupo de manifestantes segurava cartazes que diziam “Culpado” e “A Justiça importa”.
*Madremedia com Lusa e AFP
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