Hakan Fidan fez estas declarações numa conferência de imprensa com o responsável máximo pelo alargamento da UE, Oliver Varhelyi. O encontro em Ancara teve lugar numa altura em que a Turquia tenta restabelecer as suas relações com a UE.

“A União Europeia não pode ser um verdadeiro ator global sem a Turquia”, afirmou Fidan. “É vital que o caminho para a adesão da Turquia à UE seja aberto e que a perspetiva de adesão seja revitalizada”, acrescentou.

“A nossa expectativa é que demonstrem a determinação necessária para fazer avançar as nossas relações e que sejam capazes de agir com mais coragem”, disse o ministro.

A Turquia, que se situa entre a Europa e a Ásia, tornou-se candidato à adesão à UE em 1999 e iniciou as negociações de adesão em 2005.

As negociações, no entanto, chegaram a um impasse em 2018 devido ao retrocesso democrático no país e à erosão do Estado de direito sob o mandato do Presidente, Recep Tayyip Erdogan, bem como às suas disputas com Chipre, membro da UE.

Muitos dos membros da UE também não veem com bons olhos a perspetiva de admitir o país, populoso e predominantemente muçulmano, no grupo.

Os esforços de Ancara para se reaproximar da União Europeia surgem numa altura em que a economia turca está a atravessar grandes dificuldades. A lira turca caiu em relação ao dólar e a outras moedas e a inflação elevada deixou as famílias com dificuldades em adquirir bens de primeira necessidade.

O comissário europeu para o alargamento, Oliver Varhelyi, apelou à Turquia para que proceda a reformas democráticas.

“As negociações de adesão estão num impasse. E para que estas sejam retomadas, há critérios muito claros definidos pelo Conselho Europeu que têm de ser respeitados. Estes critérios estão relacionados com a democracia e o Estado de direito”, afirmou Varhelyi.

“Um roteiro credível que faça avançar estas reformas poderia certamente desencadear um novo debate entre os líderes da UE, que são os únicos a alterar o atual ‘status quo'”, acrescentou.

Num sinal de alguma evolução nas relações, Fidan disse que os funcionários turcos e da UE iriam iniciar conversações sobre uma possível atualização da união aduaneira entre a Turquia e a UE, que entrou em vigor em 1995.

As partes também concordaram com a necessidade de iniciar conversações sobre a flexibilização das restrições de vistos impostas aos empresários e estudantes turcos que viajam para os países da UE.

No final de agosto, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a UE deve estar pronta para integrar novos membros “até 2030”.

O alargamento do bloco comunitário — atualmente com 27 membros – estará no centro das discussões dos dirigentes da UE nas suas próximas cimeiras.

Os líderes europeus terão, nomeadamente, de decidir se iniciam ou não negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldova.

A Comissão Europeia deverá apresentar as suas recomendações sobre esta questão no outono.

O estatuto de candidato foi concedido aos dois países em junho de 2022, alguns meses após o início da invasão russa da Ucrânia.

A UE atribuiu o estatuto de países candidatos a sete países: Albânia, Moldova, Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia, Turquia e Ucrânia.

Bósnia-Herzegovina, Geórgia e Kosovo são potenciais candidatos, segundo a Comissão Europeia.