“Saúdo a iniciativa da França de enviar instrutores à Ucrânia para formar militares ucranianos. Já assinei documentos que permitirão aos primeiros instrutores franceses instalarem-se proximamente nos nossos centros de formação e familiarizem-se com as infraestruturas e o seu pessoal”, escreveu na rede social Telegram o general Oleksandre Syrsky.
O Ministério da Defesa francês, contactado pela agência noticiosa AFP, limitou-se a referir que o ‘dossier’ está a ser estudado, sem confirmar o envio de instrutores.
“Como já referido diversas vezes, a formação em território ucraniano faz parte das opções discutidas desde a conferência sobre o apoio à Ucrânia que o Presidente da República [Emmanuel Macron] reuniu em 26 de fevereiro passado”, indicou o ministério.
“Esta possibilidade continua a constituir um objeto de trabalho com os ucranianos”, acrescentou.
Por sua vez, no decurso de uma visita a Madrid, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apelou hoje ao ocidente a “utilizar todos os meios” para forçar a Rússia à paz.
“Devemos intensificar o nosso trabalho comum com os nossos parceiros para obter, como prioridade, a segurança e uma coerção efetiva da Rússia à paz por todos os meios”, exortou Zelensky durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez.
O líder de Kiev assinalou ainda a necessidade “de fazer pressão não apenas sobre a Rússia, mas também sobre os nossos parceiros para que forneçam a possibilidade de nos defendermos”, e exigiu novos sistemas de mísseis de defesa antiaérea para intercetar as mais de 3.000 bombas teleguiadas que a Rússia lança mensalmente sobre alvos ucranianos.
A pouco menos de três semanas de uma cimeira pela paz na Ucrânia impulsionada por Kiev e que deverá decorrer na Suíça, Zelensky também rejeitou a proposta da China e do Brasil de convidar a Rússia, ao considerar que iria “bloquear tudo”.
Em dificuldades no terreno, a Ucrânia exige desde há meses a possibilidade de atingir posições, bases recuadas e infraestruturas russas em território russo com armamentos ocidentais. Uma opção até ao momento recusada por norte-americanos e europeus pelos receios de uma escalada.
No entanto, esta questão permanece em debate entre os aliados.
No decurso de uma reunião da NATO que hoje decorreu em Sófia, o seu secretário-geral Jens Stoltenberg considerou chegado o “momento de reconsiderar” sobre o uso das armas fornecidas à Ucrânia, que tem “as mãos atrás das costas”.
No domingo, a chefe do Governo italiano, Giorgia Meloni, manifestou por sua vez oposição à utilização de armas ocidentais fornecidas à Ucrânia contra alvos em território russo. “É necessário ser muito prudente”, considerou.
Pelo contrário, e no decurso de uma deslocação a Kiev no início de maio, o chefe da diplomacia britânica David Cameron considerou que os ucranianos poderiam utilizar armas britânicas da forma que entendessem, ao evocar o seu “direito” de atingir território da Rússia, uma situação que já tem ocorrido por diversas ocasiões.
Hoje, e interrogado sobre esta questão, Pedro Sánchez declarou, de forma evasiva, não possuir “essa vontade”.
“Estaremos ao lado da Ucrânia o tempo que for necessário”, repetiu no entanto o primeiro-ministro.
Sánchez anunciou um pacote de ajuda militar à Ucrânia de mais de mil milhões de euros, e quando Kiev continua a pedir sistemas antimísseis Patriot ou carros de combate, argumentando que atualmente apenas possui um quarto dos meios de que necessita.
A Ucrânia tem garantido uma substancial ajuda financeira e armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais e que teriam sido ultrapassadas.
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