Em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, João Cotrim Figueiredo referiu ter indicação de que o requerimento apresentado pela Iniciativa Liberal (IL) para ouvir o primeiro-ministro, António Costa, na Comissão de Assuntos Constitucionais vai ser rejeitado pelo PS.
Cotrim Figueiredo, que falava após uma audiência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a uma delegação da IL, sustentou que está a haver "um crescer notável da opacidade da coisa pública, quer ao nível do aparelho de Estado, quer ao nível do próprio funcionamento do Governo".
"É o desfazer da ideia, tantas vezes dita pelo senhor primeiro-ministro, de que à maioria absoluta não iria corresponder poder absoluto", acusou, apontando as "recusas do PS em ouvir responsáveis políticos" no parlamento, incluindo no caso da recente polémica sobre o acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal.
Segundo o presidente da IL, é importante ouvir António Costa no parlamento face à "informação de que há, pelo menos desde 2014, relatórios sucessivos" sobre a associação Edinstvo, liderada por Igor Kashin, envolvida no acolhimento de refugiados em Setúbal, "e entregues aos responsáveis políticos, nomeadamente à Presidência do Conselho de Ministros", para saber "o que é que foi feito com essa informação".
"Queríamos apurar isto e temos indicação de que vai mais uma vez ser recusada esta audição com o pretexto de que o primeiro-ministro não responde em comissão. E porquê? Porque supostamente responde em debates quinzenais. Eu recordo que os debates quinzenais acabaram", acrescentou o deputado.
Questionado sobre a ideia de constituir uma comissão de inquérito parlamentar sobre este tema, Cotrim Figueiredo respondeu: "Eu preferia que fosse uma audição numa comissão já existente a apurar aquilo que se conseguir apurar agora, antes de se partir para uma comissão de inquérito cujo âmbito eu próprio não saberia definir muito bem".
O presidente da IL salientou que já participou numa comissão de inquérito e disse ter "uma visão bastante mais exigente dos temas que lá devem estar".
"Portanto, eu preferia tomar essa decisão depois de perceber exatamente o que é que esteve em causa, para saber se o âmbito da comissão de inquérito deve ser aquilo que foi a atuação de uma autarquia local – acho que o âmbito de uma eventual comissão seria bastante estreito – ou se é a forma como o Estado português nas suas várias instâncias trata as informações sensíveis e como é que age sobre elas", completou.
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