Altos funcionários do serviço de informações militares da Ucrânia (GUR) disseram ao jornal que, a somar aos ataques conduzidos com ‘drones’ contra alvos russos na península anexada por Moscovo em 2014, Kiev tem o objetivo de tentar pela terceira vez a destruição da ponte Kerch.

O GUR pretende destruir a ponte de 19 quilómetros “na primeira metade de 2024”, disse um funcionário do GUR ao The Guardian, acrescentando que Kyrylo Budanov, o chefe dos serviços secretos, já tinha “a maior parte dos meios para realizar este objetivo”.

Para o Presidente russo, Vladimir Putin, a ponte é um forte símbolo daquilo que considera uma das suas maiores conquistas políticas: o “regresso” da península à Rússia em 2014, embora não reconhecido internacionalmente.

Os ucranianos consideram igualmente a ponte como um símbolo, mas neste caso da anexação ilegal pelo Kremlin, e a sua destruição reforçaria a campanha ucraniana de libertação da Crimeia e aumentaria o moral dentro e fora do campo de batalha.

O The Guardian referiu que o plano já teve a aprovação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com vista a minimizar a presença naval da Rússia no Mar Negro, onde a Ucrânia reivindica a destruição de um terço dos navios desta frota.

Dentro deste contexto, Zelensky pediu à Alemanha o seu míssil Taurus KEPD-350 de longo alcance, um dos mais modernos sistemas de armas dos militares alemães, mas o chanceler alemão, Olaf Scholz, tem recusado, alegando que pretende evitar uma escalada da guerra, envolvendo um confronto direto das forças da NATO com a Rússia.

Em julho do ano passado, um ataque com ‘drones’ navais ucranianos causou danos consideráveis na ponte e, em outubro de 2022, uma explosão, segundo a Rússia, provocada por uma bomba escondida num camião, fez com que vários vãos da estrada caíssem à água.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontam-se com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.