O retrato de Zelenska está na capa do novo número da publicação na edição digital, onde aparece sentada numa escadaria, vestida com um conjunto sóbrio de calças pretas e blusa branca, enquanto em outras páginas posa com mulheres soldado ou aparece o casal o casal Zelenski no gabinete presidencial, em Kiev.

As fotos, tiradas pela célebre fotógrafa Annie Leibovitz, complementam um perfil de Zelenska que mistura conversas sobre o seu estilo e a sua experiência como mulher do Presidente durante a invasão russa do seu país, publicação acolhida com reações mistas quanto à sua pertinência.

No Instagram da Vogue, o artigo intitulado "Retrato da Bravura", o resultado de uma entrevista presencial, também aborda a "vida de guerra do casal presidencial, o seu casamento, história partilhada e os sonhos para o futuro da Ucrânia".

Sob as fotos publicadas, os utilizadores da rede social escreveram centenas de opiniões e reagiram àquelas com que mais concordam, nomeadamente fazendo comentários como: "esta pose numa zona de guerra não é do meu agrado", "não romantize a guerra, Vogue" ou "o país em guerra e a primeira-dama a dar uma entrevista a uma revista de moda".

O debate também passou para o Twitter, onde vários comentadores conservadores americanos criticaram a sessão de fotos num contexto de guerra, bem como a entrega de dinheiro e armas dos EUA à Ucrânia.

Mas muitos utilizadores também manifestaram o seu apoio, respondendo à controvérsia com bandeiras e corações ucranianos, elogios ou mensagens como: "obrigado por usar a sua plataforma para apoiar a Ucrânia", "Relevante, Vogue, mais mulheres como esta”.

Entre os que defendem a participação de Zelenska na reportagem contam-se os que valorizam que a mulher do Presidente tenha permanecido na Ucrânia, em vez de ter fugido para um destino mais seguro.

Estas imagens são acompanhadas por uma reportagem assinada por Rachel Donadio que procura mostrar a "esposa do presidente ucraniano [...], uma escritora de comédia de longa data, [que] ficou sempre nos bastidores, enquanto o seu marido, um comediante que virou político, e cuja presidência pode determinar o destino do mundo livre, brilha nos holofotes".

No texto disponibilizado no site da Vogue, Zelenska diz que "estes foram os meses mais horríveis da minha vida, assim como de todos os ucranianos". "Francamente, penso que ninguém está consciente de como temos conseguido lidar emocionalmente", acrescenta.

“Estamos ansiosos pela vitória. Não temos dúvidas de que prevaleceremos. E é isto que nos faz continuar", diz à Vogue.

Nas fotografias, a primeira-dama ucraniana é retratada num bunker, entre várias militares e junto do marido. Assume um papel da diplomacia da linha da frente da batalha, como escreve Rachel Donadio.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais

mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.