Detido em abril pelos separatistas da República Popular do Donetsk, Paul Urey foi dado como morto em julho. O seu corpo foi agora devolvido à Ucrânia com “possíveis sinais de tortura indescritível”, como adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, no Twitter.

“Deter e torturar civis é bárbaro. Eu expresso as minhas mais profundas condolências aos familiares e pessoas próximas”, continuou Kuleba, que disse que Paul Urey era “um homem corajoso e que se dedicou a salvar pessoas”. “A Ucrânia nunca o esquecerá nem os seus feitos. Vamos identificar os responsáveis por este crime e responsabilizá-los. Eles não se vão escapar à justiça”, concluiu o ministro.

Os líderes separatistas anunciaram a morte na prisão de Paul Urey a 10 de julho. Segundo Daria Morozova, representante dos separatistas pró-russos de Donetsk, Urey sofria de diabetes e de problemas renais, respiratórios e cardíacos, além de "stress". "Extremamente preocupada" com o seu estado de saúde, a mãe de Urey, nascido em 1977, disse então que o seu filho sofria de diabetes do tipo 1 e precisava de insulina com frequência.

A Presidium Network, uma organização sem fins lucrativos com sede no Reino Unido, anunciou a 29 de abril que dois trabalhadores humanitários que conhecia, Paul Urey e Dylan Healy, tinham sido capturados pelos militares russos no sul da Ucrânia enquanto tentavam retirar uma mulher e duas crianças de Zaporizhzhia.

De acordo com a Presidium, Urey era um experiente trabalhador humanitário que passou oito anos no Afeganistão e Healy, nascido em 2000, trabalhava na cozinha de uma rede hoteleira no Reino Unido. 

A família de Urey e o governo britânico de Londres defenderam sempre que ele foi detido no leste da Ucrânia durante uma missão humanitária, mas separatistas pró-Rússia na região de Donetsk acusaram-no de ser um mercenário e não um trabalhador humanitário, a conduzir “operações militares e trabalho no recrutamento e treino de mercenários para os gangues armados ucranianos".

Não obstante a “gravidade dos seus crimes, Paul Urey recebia atendimento médico adequado", disse ainda Morozova. "Apesar disso, e devido ao seu diagnóstico e o stress, morreu a 10 de julho", acrescentou.

A representante de Donetsk acusou ainda as autoridades britânicas de saberem que Urey estava detido pelas forças armadas de Donetsk, mas não fizeram nada por ele. Já o governo de Londres disse que a responsabilidade recaia inteiramente sobre Moscovo.

"A Rússia deve assumir total responsabilidade" pela morte de Urey, disse Liz Truss, na altura secretária dos Negócios Estrangeiros britânicos e agora primeira-ministra do Reino Unido.