“Estamos a viver numa situação agora de terror e, por isso, queremos alertar todo o mundo, inclusive Portugal e a sociedade portuguesa, que o mundo tem de ajudar os ucranianos agora a defenderem-se contra esta ameaça”, afirmou o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, em declarações à agência Lusa.
Contabilizando cerca de 40 a 50 mil cidadãos ucranianos a viver em Portugal, dos quais 28 mil com autorização de residência e entre 15 a 20 mil que já têm cidadania portuguesa, Pavlo Sadokha disse que a comunidade ucraniana em território português está a pensar acolher familiares que vivem na Ucrânia.
“Todos temos famílias lá [na Ucrânia], por exemplo, eu tenho os meus pais e a minha irmã, e nós falamos todos os dias, duas a três vezes por dia, sobre o que é que vamos fazer. Eu já estou pronto para ir lá buscá-los para virem cá para Portugal passar este tempo, porque são pessoas de idade, claro que eles não podem defender lá com armas a pátria”, declarou o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal.
A Associação dos Ucranianos em Portugal vai promover uma manifestação no próximo domingo, 20 de fevereiro, em frente à embaixada e consulados russos em Lisboa, no Porto e em Vilamoura, “para defender a Ucrânia, para defender a Europa, para defender os valores democráticos”, anunciou.
Pedindo apoio à sociedade portuguesa, o responsável afirmou recear que “o terrorista Putin já não quer só a Ucrânia”, e que “declara guerra a todo mundo democrático, mas o centro do confronto continua a ser a Ucrânia e os ucranianos que querem ser um povo livre”.
O representante dos cidadãos ucranianos em Portugal referiu que “toda a comunidade ucraniana está muito preocupada com estas ameaças que agora surgem nas últimas três semanas”, considerando que a informação sobre a retirada de pessoal diplomático de algumas embaixadas, o aviso para saírem do país e a suspensão de voos (da KLM) para a Ucrânia, “isso tudo demonstra a gravidade da situação”.
“Os ucranianos vivem com estas ameaças de guerra já há oito anos, não com tanta gravidade, porque agora segundo as informações que temos pode ser ameaçada qualquer cidade na Ucrânia”, indicou Pavlo Sadokha, lembrando que a situação de “terror dos russos” se vive desde o início da independência da Ucrânia em 1991, com a Rússia a impedir a Ucrânia de integrar a União Europeia e a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, também OTAN).
A Associação dos Ucranianos em Portugal assinalou a Revolução Ucraniana de 2014, quando em Kiev foram assassinadas dezenas de pessoas que se manifestavam contra o regime do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch, e as tropas russas começaram a ocupar a Crimeia.
“Os ucranianos ficaram fartos desta influência russa, porque na verdade a sociedade russa, o país da Rússia atual é um país de regime totalitário […] e os ucranianos não querem isso para o seu país e já mostraram que vão lutar por valores democráticos, para um país livre”, reforçou o representante dos ucranianos em Portugal, pedindo apoio à sociedade portuguesa.
Na perspetiva de Pavlo Sadokha, economista, de 52 anos, a Rússia está preparada para lutar contra todo o mundo: “Perderam completamente o juízo e já não está em jogo só algumas tentativas de controlar a Ucrânia ou, como disse Putin [presidente da Rússia], dividir outra vez o mundo em zonas de influência, mas estão prontos a lutar, começar a Terceira Guerra Mundial, e isto preocupa”.
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