A crítica foi feita pelo chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre as relações entre as Nações Unidas e os “27”.
Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira o fim das derrogações que autorizavam até agora os projetos ligados ao programa nuclear civil iraniano, apesar das sanções de Washington, último vestígio, do lado norte-americano, do acordo internacional de 2015 que Donald Trump abandonou em 2018.
Borrell sublinhou a “importância duradoura” do acordo datado de 2015, o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA na sigla em inglês), considerando que o protocolo “continua a ser a melhor forma de assegurar” a natureza pacífica do programa nuclear iraniano.
“É por isso que lamento a decisão dos Estados Unidos de não prolongar as derrogações para os projetos nucleares ligados ao JCPOA. Será ainda mais difícil para a comunidade internacional assegurar a natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano”, acrescentou Borrell.
Na quarta-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, considerou que não podia continuar a “justificar a renovação destas derrogações”, ao afirmar que “o regime iraniano prossegue as suas ameaças nucleares” e denunciar uma “inaceitável escalada”.
O Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia ainda integram o acordo internacional sobre o nuclear iraniano.
Desde maio de 2019 que o Irão optou por se afastar progressivamente dos compromissos que subscreveu, em resposta à retirada unilateral no ano anterior dos Estados Unidos, que decidiram restabelecer as sanções económicas contra Teerão.
Em paralelo, Teerão tem acusado os europeus de inação e de violarem os seus compromissos, ao evitarem fornecer ajuda à República Islâmica para contornar as sanções norte-americanas.
Apesar da “campanha de máxima pressão” contra Teerão desde 2018, a administração da Casa Branca e o Presidente Donald Trump tinham até ao momento prolongado regularmente estas derrogações, sem lhes fornecerem grande destaque.
Estas medidas relacionavam-se designadamente com o reator de Teerão destinado à pesquisa e com reator de água pesada de Arak, modificado sob controlo da comunidade internacional de forma a tornar impossível a produção de plutónio para uso militar.
Hoje, em Teerão, as autoridades iranianas asseguraram que a “tentativa desesperada” dos Estados Unidos de pôr termo às derrogações não terá qualquer impacto no país.
Segundo Behrouz Kamalvandi, um porta-voz da organização iraniana de energia atómica, o fim das derrogações não terá impacto sobre o trabalho contínuo no reator de Arak, nem em “outros equipamentos”.
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