“A União Europeia congratula-se com os acordos hoje assinados em Istambul pela Ucrânia, Rússia, Turquia e Nações Unidas para desbloquear o Mar Negro para as exportações ucranianas de cereais”, indica Josep Borrell, numa nota informativa divulgada momentos depois da cerimónia de assinatura na cidade turca.
Para o Alto Representante da UE para a Política Externa, “este é um passo crucial nos esforços para superar a insegurança alimentar global causada pela agressão da Rússia contra a Ucrânia”.
Apesar de considerar os acordos como “uma oportunidade para começar a inverter este rumo negativo”, após a invasão russa da Ucrânia, Josep Borrell adverte que o seu sucesso “dependerá da implementação rápida e de boa-fé”.
O responsável saudou ainda os “esforços incansáveis” das Nações Unidas para “encontrar formas de desbloquear as exportações agrícolas ucranianas” e ainda da Turquia na “intermediação deste acordo e no apoio à sua implementação”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também reagiu e saudou, através da rede social Twitter, os acordos assinados por Kiev e Moscovo, vincando que “podem beneficiar milhões de pessoas em todo o mundo”.
“A estrita implementação do acordo é agora da maior importância para que este funcione”, adiantou Charles Michel.
A Ucrânia e a Rússia assinaram hoje acordos separados com a Turquia e as Nações Unidas para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro.
Numa cerimónia em Istambul, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
Depois de dois meses de intensas negociações, os documentos visam criar um centro de controlo em Istambul, dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante das Nações Unidas, que deverão estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro.
O acordo implica também que passe a ser feita uma inspeção dos navios que transportam os cereais, para garantir que não levam armas para a Ucrânia.
Estas inspeções, que serão realizadas tanto à saída como à chegada dos navios, deverão acontecer nos portos de Istambul.
Os acordos surgem numa altura em que a ofensiva militar russa na Ucrânia dura há quase cinco meses.
Os confrontos levaram ao bloqueio das exportações nos portos ucranianos, um cenário de tensão geopolítica que está a afetar as cadeias de abastecimento e a causar receios de rutura de ‘stocks’ e de crise alimentar.
Tanto a Ucrânia como a Rússia são importantes fornecedores dos mercados mundiais, especialmente de cereais e óleos vegetais, como trigo, cevada e milho, sendo que Kiev é também responsável por mais de 50% do comércio mundial de óleo de girassol e um importante fornecedor de ração para a UE.
Estima-se que milhões de toneladas de trigo estejam retidas na Ucrânia, sendo que a exportação habitual ucraniana neste setor era de cinco milhões de toneladas de trigo por mês.
Para a vizinhança da UE, no norte de África e no Médio Oriente, tanto a disponibilidade como a acessibilidade de preços estão em risco no que toca ao trigo, o alimento básico, o que também acontece na Ásia e na África subsaariana.
O norte de África e o Médio Oriente importam mais de 50% das suas necessidades de cereais da Ucrânia e da Rússia.
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