“Se a Federação Russa atingir os seus objetivos, o Ocidente, e em particular a UE, vai herdar uma Ucrânia com as infraestruturas destruídas, sem o seu coração industrial e com o seu acesso ao mar limitado”, disse Carlos Carvalhas, durante um debate promovido pelo PCP sobre os 20 anos de circulação do euro, no ISCTE, em Lisboa.

O antigo dirigente comunista, que liderou o partido durante 12 anos até ser sucedido em 2004 por Jerónimo de Sousa, acrescentou que com os compromissos que Bruxelas assumiu com Kiev, “a fatura só para a Ucrânia se manter à tona da água, vai ser pesada”, aludindo à eventual integração do país no bloco comunitário.

Em linha com as críticas feitas pelo partido ao longo dos últimos meses, Carlos Carvalhas insurgiu-se com o que considera ser o papel dos Estados Unidos no fomento do conflito, argumentando que as ações de Washington têm como propósito manter a soberania do dólar.

O ex-secretário-geral do PCP acrescentou que o dólar se tornou hegemónico desde a II Guerra Mundial porque os Estados Unidos da América foram o país menos fustigado pela última Grande Guerra, entre as nações que estiveram envolvidas no conflito, argumentando que a preponderância do dólar manteve-se ao longo das décadas por causa da “superioridade no armamento militar” dos Estados Unidos da América.

Relacionando estes dois elementos, Carlos Carvalhas advogou que o surgimento de uma outra potência militar, aludindo à Rússia, que suplantasse os Estados Unidos colocaria “em causa a hegemonia” da moeda norte-americana.

“A China e a Rússia estão em condições de pôr em causa o domínio absoluto do Estados Unidos e do dólar”, completou.

O antigo dirigente do PCP comentou que o prolongamento do conflito em solo europeu é uma “estratégia dos Estados Unidos” para manter a soberania do dólar, enfraquecendo a possibilidade de reorganização do plano geopolítico e financeiro.

O dólar estar “enraizado”, continuou, “não significa que não tenha pés de barro” e há países, nomeadamente a Rússia, que “no plano militar estão em condições de lhe fazer frente”.

Já na parte final da sua intervenção, Carlos Carvalhas advertiu que para os efeitos socioeconómicos da guerra que começou em 24 de fevereiro, “cuja extensão vai depender da duração do conflito e do apoio que a China lhe dê”.

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