“A UGT assinala como negativo o espectro que paira sobre as discussões em concertação social, resultante da proposta de aumentos salariais de 0,3% para a Administração Pública para 2020, e até sobre as intenções do Governo de aumentos para 2021 e anos seguintes, não querendo ir além da inflação, numa decisão unilateral do Governo, à margem de qualquer processo negocial efetivo”, afirma a central sindical numa resolução aprovada pelo Secretariado Nacional da UGT.
No documento, a UGT defende que “o Governo não pode dar mau exemplo aos privados” e considera que as propostas de aumentos salariais para a Administração Pública, para 2020, são “ridículas e ofensivas, denotando uma clara desvalorização do trabalho, dos trabalhadores e das carreiras da A.P.”.
“A UGT sempre afirmou, esta posição tem vindo a repercutir-se no setor privado, enfraquecendo as posições sindicais, conforme vêm comprovar as propostas iniciais — altamente ofensivas para os trabalhadores — de algumas empresas e setores altamente lucrativos, nomeadamente na Brisa (0,3%), na EDP (0,2%) e na negociação do Acordo Colectivo de Trabalho do Sector Bancário (0,2%)”, refere a resolução aprovada.
Para a central sindical, o processo da Administração Pública foi “um verdadeiro embuste e simulacro negocial”, que resultou em “aumentos salariais irrisórios e numa proposta de calendarização de um processo negocial plurianual de algumas matérias, sem que no entanto seja dada qualquer indicação quanto à janela temporal em que se pretende que se desenvolva”.
Na resolução, a UGT lembra ainda que o Governo lançou em novembro um desafio à concertação social, sobre os rendimentos dos trabalhadores portugueses, mas que nada avançou ainda de concreto.
“Nesse sentido, e conforme dissemos desde a primeira hora, nomeadamente na Política Reivindicativa da UGT 2019-2020, os salários e a fiscalidade devem ser a força motriz de um possível Acordo, pelo que entendemos que, neste processo negocial, devem ser tratados, primordialmente, os temas da valorização dos salários, da fiscalidade sobre os rendimentos do trabalho e da valorização dos Jovens Qualificados”, defende a central.
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