“Temos vários exemplos em que a integração funcionava muito bem entre o ACES (agrupamento de centros de saúde) e o hospital, mas, a partir do momento em que se criaram as ULS, nalguns locais do país, esta ligação que era boa passou a ser pior”, afirmou Carlos Cortes.
O bastonário falava num `webinar´ dedicado ao tema das ULS, no âmbito de várias iniciativas que a OM está a promover esta semana para assinalar o Dia Mundial do Médico de Família.
Em 2023, no âmbito da reforma do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o anterior Governo aprovou a generalização das ULS, prevendo uma cobertura integral do país através de um total de 39 dessas unidades.
Na prática, as ULS integram numa mesma entidade os cuidados prestados pelos centros de saúde e pelos hospitais, concentrando a gestão dos recursos humanos, financeiros e materiais.
Segundo Carlos Cortes, tem chegado à ordem um “conjunto de problemas em várias áreas”, incluindo nas assistenciais, derivado da generalização das ULS, e verificou-se mesmo que “houve um recuo na integração dos cuidados de saúde primários e hospitalares, que é algo curioso”.
Além disso, “algumas áreas foram completamente esquecidas no meio desta reforma”, lamentou o bastonário dos médicos, apontando o exemplo da Saúde Pública, “que não foi pensada e integrada nesta reforma das ULS”.
Depois de salientar que em todas as reformas também há aspetos positivos, Carlos Cortes considerou não ser “viável voltar atrás”, mas defendeu ser “muito importante” ter a “oportunidade de melhorar os aspetos negativos” do processo de desenvolvimento das ULS.
Adiantou ainda que, nos próximos dias, vai entregar à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, um “documento sobre a visão da OM para o desenvolvimento desta reforma”, na sequência de uma comissão de acompanhamento criada em janeiro pela ordem e que inclui as áreas hospitalar, dos cuidados primários, da saúde pública e dos cuidados continuados.
O bastonário realçou ainda que a generalização das ULS em todo país “tem preocupado muito da OM”, lamentando que a ordem tivesse sido “excluída do processo” da sua criação.
“Não houve discussão da implementação desta reforma e a Ordem dos Médicos em nenhum momento dessa reforma foi convidada a participar, a dar a sua opinião”, referiu Carlos Cortes, para quem, apesar de os médicos “não terem sido incluídos na preparação desta reforma, não significa que não estão atentos”.
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