Não é muito normal nos últimos meses observar-se aviões russos no espaço aéreo da NATO, mas esta segunda-feira foram quatro a serem intercetados só no espaço europeu.

A primeira notícia a ser avançada dava conta de que caças F-16 neerlandeses descolaram hoje de manhã para intercetar dois bombardeiros russos que se dirigiam para o espaço aéreo do país, e consequentemente da NATO, e que foram detetados pela Dinamarca.

As aeronaves russas acabaram “por dar a volta”, afastando-se do espaço aéreo da Aliança Atlântica, informou o governo neerlandês.

Num comunicado, o Ministério da Defesa dos Países Baixos explicou que os dois F-16 da Força Aérea neerlandesa descolaram hoje de manhã para “intercetar dois bombardeiros russos que voavam em direção ao espaço aéreo” do país, precisando que o destacamento dos dois caças surgiu na sequência do chamado Alerta de Reação Rápida, acionado às 07h19 locais (06h19 em Lisboa).

“Isto não acontece muitas vezes, mas o incidente de hoje demonstra a importância de uma intervenção rápida. Os F-16 estão de prontidão 24 horas por dia e podem descolar em poucos minutos e intercetar um avião não identificado”, afirmou o ministério neerlandês.

Mais tarde, no espaço aéreo do Reino Unido foram detetados mais dois bombardeiros russos, que foram imediatamente escoltados por caças britânicos, na Escócia.

Neste caso, os dois bombardeiros russos de patrulha marítima estavam a passar perto das Ilhas Shetland, dentro da área de policiamento aéreo da NATO.

Os caças de alerta de reação rápida do Reino Unido, Typhoon, foram então lançados da base da Força Aérea britânica (RAF) em Lossiemouth, a nordeste da Escócia, e os dois bombardeiros russos foram imediatamente monitorizados no espaço aéreo internacional enquanto voavam para o norte do Reino Unido.

Em declarações ao canal britânico Sky News, o ministro responsável pela pasta das Forças Armadas, James Heappey, disse: "As equipas da Força Aérea em Lossiemouth mantêm uma vigilância constante sobre o espaço aéreo do Reino Unido e estão sempre prontas para agir em qualquer momento para manter o nosso país seguro".

"Os pilotos lançaram os seus jatos Typhoon para intercetar dois bombardeiros russos de longo alcance esta manhã, fazendo a monitorização enquanto passavam a norte das Ilhas Shetland, prontos para combater qualquer ameaça potencial ao território do Reino Unido".

Recorde-se que esta não é a primeira vez que aeronaves de reação rápida britânicas intercetam jatos russos perto do espaço aéreo do Reino Unido. Em maio, um avião espião russo foi intercetado no norte da Escócia.

Os incidentes que envolvem aviões russos e aeronaves de países da NATO multiplicaram-se nos últimos anos, antes mesmo do início do conflito na Ucrânia, a 24 de fevereiro do ano passado.

Frequentemente aconteciam no Mar Báltico, mas também no Mar Negro e noutros lugares, apesar de hoje o destaque ir em particular para o Espaço Europeu.

Também nos últimos dias, o Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD) detetou e seguiu quatro aeronaves militares russas no espaço aéreo internacional perto do Alasca, sem serem considerados uma ameaça.

Em comunicado, o NORAD observou que a operação ocorreu entre o final do dia de domingo e o início da manhã desta segunda-feira.

Os aviões russos passaram pela chamada Zona de Identificação de Defesa Aérea do Alasca (ADIZ), área que faz parte do espaço aéreo internacional, mas onde os Estados Unidos exigem que qualquer aeronave se identifique no interesse da sua segurança nacional.

O NORAD garantiu que os aviões russos permaneceram no espaço aéreo internacional e não entraram em território norte-americano ou canadiano, afirmando que é comum haver atividade russa naquela área e que isso não é visto como uma ameaça.

A vigilância do espaço aéreo tem sido uma das principais preocupações quer da NATO, quer da Rússia, que têm evitado uma confrontação direta no seguimento da invasão russa da Ucrânia.

*com Lusa