Centenas de pessoas reuniram-se em Israel com bandeiras para prestar homenagem aos quatro reféns mortos que foram devolvidos esta quinta-feira pelo Hamas.

"É um dia de luto nacional, sentimos que eles faziam parte da nossa família, tivemos esperança até ao último momento", afirmou Gersende Grynszpan, uma mulher de 49 anos que esteve na "Praça dos Reféns" em Telavive.

"Este é um dos dias mais difíceis desde 7 de outubro", disse Tania Coen Uzzielli, de 59 anos, também presente na praça.

Como aconteceu a entrega dos corpos?

Os combatentes do Hamas, armados e encapuzados, entregaram perto de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, quatro caixões que dizem conter os corpos de Shiri Bibas e dos seus dois filhos Ariel e Kfir, de origem argentina, e de Oded Lifshitz.

Cada caixão tinha a fotografia de um refém e o palco estava enquadrado com uma faixa com a frase “O criminoso de guerra Netanyahu e o seu exército nazi mataram-nos com mísseis de aviões sionistas” em três línguas, incluindo o hebraico.

Esta foi a primeira vez desde o início da guerra entre Israel e Hamas em Gaza, após o ataque de 7 de outubro, que o grupo palestiniano entregou restos mortais de reféns israelitas.

O que diz Israel? 

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que os israelitas estão “loucos de raiva” contra o Hamas, que prometeu eliminar, depois de o grupo ter exibido os caixões.

“Estamos todos loucos de raiva contra os monstros do Hamas”, afirmou numa declaração em vídeo, citado pela agência francesa AFP.

“Vamos trazer de volta todos os nossos reféns, destruir os assassinos, eliminar o Hamas e, juntos, com a ajuda de Deus, garantir o nosso futuro”, acrescentou.

É a única crítica à forma como decorreu a entrega?

Não. O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) reiterou que a devolução de restos mortais de reféns mantidos em Gaza deve ser "realizada em privado, com o máximo respeito ao falecido e aos enlutados".

"Fomos inequívocos: todas as libertações, tanto de vivos como de falecidos, devem ser realizadas com dignidade e privacidade", acrescentou.

Também a ONU denunciou maneira como o Hamas encenou a entrega dos corpos.

"O desfile de corpos da maneira vista esta manhã é abominável e cruel, e vai contra o direito internacional. Pedimos que todos as entregas sejam conduzidos com privacidade, com respeito e cuidado", afirmou o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Quanto há nova entrega de reféns? 

O Hamas vai entregar seis reféns no próximo sábado.

Sabe-se também que um dos seis é um cidadão com nacionalidade portuguesa: "Omer Shem Tov, que estava em processo de obtenção da nacionalidade e que já a terá obtido, segundo a embaixadora de Portugal em Israel".

Desde o início das tréguas, a 19 de janeiro, foram libertados perto de 20 reféns em troca de centenas de prisioneiros palestinianos detidos em Israel.

No total estimava-se que 33 reféns israelitas fossem libertados em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos durante as seis semanas iniciais da trégua.

Israel diz ter recebido informações do Hamas de que oito dos reféns foram mortos no ataque do Hamas, ou morreram mais tarde, já em cativeiro.