Segundo a emissora alemã Deutsche Welle, o “Kiez Döner” passou das mãos de Izzet Cagac para os irmãos Ismet e Rafin Tekin. A intenção do antigo dono já tinha sido veiculada na imprensa alemã, mas ainda não era sabido se os dois funcionários teriam aceitado a oferta.

O “Kiez Döner” tornou-se parte das notícias devido ao ataque terrorista de caráter anti-semita que ocorreu no passado dia 9 de outubro em Halle, na região oriental da Alemanha, deixando duas vítimas mortais e dois feridos graves

O atentado foi perpetrado por um alemão de 27 anos, armado, que tentou entrar na sinagoga, onde se encontravam dezenas de pessoas para assinalar o Yom Kipur, o maior feriado religioso judaico.

Não tendo conseguido, o homem começou a disparar de forma indiscriminada na rua, matando uma mulher de 40 anos que se encontrava a atravessar a estrada, tendo depois atirado contra os clientes que estavam no “Kiez Döner”, onde matou um homem de 20 anos e feriu outros dois.

Um suspeito também lançou pelo menos duas granadas de mão, uma contra um cemitério judeu junto da sinagoga e outra contra o restaurante.

“Eu desejo aos meus sucessores muita energia para serem capazes de lidar com o terrível evento de 9 de outubro e espero que tenham muitos clientes de diferentes culturas e religiões”, escreveu o antigo dono, numa carta publicada no portal de notícias online Zeit e na revista Der Spiegel.

A reabertura do “Kiez Döner” deu-se no sábado e foi marcada pela comparência de Reiner Haseloff, o ministro presidente do estado da Saxônia-Anhalt, onde se localiza a cidade de Halle. O governante fez questão de cumprir uma promessa que tinha feito no rescaldo do ataque, chegando cedo para comer um kebab com o antigo dono, num gesto que pretende significar um novo começo para o estabelecimento e para a cidade.

O alegado autor do ataque, entretanto detido, confessou tê-lo feito com motivações antissemitas. Num vídeo publicado por uma plataforma de ‘streaming’, negou a existência do Holocausto e atacou os judeus. O atacante também publicou na Internet um “manifesto” no qual expressa suas opiniões antissemitas.

O atentado levou reabriu feridas antigas na Alemanha, levando milhares de pessoas às ruas em várias cidades alemãs para protestar contra o antissemitismo. Os judeus alemães criticaram a proteção inadequada das sinagogas e locais de culto e a chanceler alemã, Angela Merkel, prometeu "tolerância zero" face ao "ódio".

A comunidade judaica tem crescido na Alemanha 75 anos depois do Holocausto, nomeadamente devido à chegada desde o início dos anos 1990 de numerosos judeus da ex-URSS, totalizando cerca de 225.000 pessoas.