Questão prévia: não se trata de uma brincadeira para crianças nem é um brinquedo para adultos que não largam a criança que têm dentro deles. Também não há espaço para brincadeiras. O assunto é sério. Trata-se de salvar vidas no mar.
A Noras Performance criou, patenteou, desenvolve e já começou a produzir a boia salva-vidas U-Safe, um equipamento telecomandado que permite socorrer um náufrago à distância, em qualquer condição de mar, rapidamente e sem colocar em risco a vida de quem está a salvar. Três características diferenciadoras a que se acrescenta outra. “Qualquer criança ou qualquer pessoa que não tenha capacidade técnica para salvar alguém consegue utilizar”. Para tal, “basta atirar a boia para a água e está pronta a funcionar”, garante Jorge Noras, presidente da empresa, empresário e inventor. Para tal, há um joystick (comando) que se assemelha a qualquer um utilizado nas consolas de jogos ou nos comandos de carros telecomandado, aviões ou mesmo drones.
A U-Safe foi concebida em forma de U, facilitando, desta forma, a navegação. “As faces são assimétricas, aspiráveis nas duas faces e mesmo que sofra capotamento continua a funcionar”, explicou Jorge Noras durante a apresentação do acordo de parceria tecnológica com a organização da Volvo Ocean Race, em que a empresa sedeada em Torres Vedras irá fornecer esta tecnologia de salvamento às equipas participantes da próxima edição da regata à volta do mundo, em 2020.
“Pesa 8 kg e consegue transportar até 200 kg”, descreveu. E atinge uma velocidade de “15 nós”. A tecnologia é 100% portuguesa. “É tudo feito em Portugal à exceção do motor que, no entanto, foi desenhado e pensado por mim”, sublinhou durante uma demonstração que decorreu na Doca de Pedrouços e que contou com a participação dos Escuteiros Marítimos de Belém.
A bateria carrega “por indução”. Ou seja, é carregada por ondas magnéticas, não tem ficha elétrica (por causa da água) e basta pousar num suporte que, esse sim, tem de estar ligado. “Tem uma autonomia de 40 minutos, está patenteada para esse tempo embora já consiga mais minutos”, garantiu. Por agora demora “10 horas a carregar”, embora Jorge Noras adiante que está a desenvolver um novo modelo para encurtar esse tempo de carregamento. Em desenvolvimento está também um “suporte fixo com painel solar associado”.
6 anos para ver o sonho concretizado
Da ideia, à patente, à execução e à produção “foi um caminho de 6 anos”, resumiu o empresário Jorge Noras. Comercializada a partir de janeiro de 2018, a um preço de 6 mil euros, o objetivo inicial é vender “2500 boias” adiantou Eduardo Filipe, General Manager da Noras performance, números que deverão “triplicar”, garante. “Temos distribuidores de mais de 100 países interessados”.
Tendo com público-alvo os “profissionais da busca e salvamento pelo mundo, marinhas, iates, cruzeiros e pequenos navios”, este responsável deixa a promessa de desenvolver uma outra boia “para ser massificada, a preço mais acessível e com as mesmas caraterísticas”, avançou.
E porque “há mar e mar, há ir e voltar”, frase imortalizada por Alexandre O’Neill, os avanços tecnológicos não podem parar e Jorge Noras sabe disso. “Estou a estudar uma boia para ser utilizada em zonas de tubarões (África do Sul e Austrália)” e uma outra para ser “montada na popa dos barcos com dispositivo suspenso. E quando alguém cai à água, a boia deteta, solta-se e vai ter sozinha com a pessoa (através de um sistema de GPS instalado na boia e utilizado pela pessoa)”, avançou. “Pode ser a próxima novidade na edição futura da Volvo Ocean Race”, rematou.
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