Parece ficção, mas não é: Investigadores da Universidade de Cambridge afirmam ter desenvolvido uma vacina “preparada para o futuro", ou seja, pode proteger contra vírus que ainda não existem. Como assim?

De acordo com os resultados da investigação, levada a cabo por Cambridge e pela DIOSynVax -- tornados públicos esta segunda-feira na revista Nature Biomedical Engineering -- a tecnologia de antigénio da vacina fornece proteção contra todas as variantes conhecidas do SARS-CoV-2, bem como outros coronavírus, incluindo aqueles que causaram a primeira epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa), em 2002.

Desde a primeira epidemia SARS, a migração dos coronavírus dos animais para os seres humanos tem sido uma ameaça para a saúde pública.

Todas as vacinas atualmente disponíveis, como a vacina contra a gripe sazonal e as vacinas contra a Covid-19 existentes, baseiam-se em estirpes ou variantes do vírus que surgiram em algum momento no passado.

Contudo, “os vírus estão a sofrer mutações e a mudar o tempo todo", disse Jonathan Heeney, do Departamento de Medicina Veterinária de Cambridge, que liderou a investigação.

"Na natureza, existem muitos destes vírus à espera que aconteça um acidente", afirma Heeney. O objetivo era criar “uma vacina que não só protegesse contra o SARS-CoV-2, mas também contra todos os seus parentes".

A fórmula da vacina foi desenvolvida antes do surgimento das variantes Alfa, Beta, Gama, Delta e Ómicron do SARS-CoV-2, tendo fornecido “uma forte proteção contra todas estas e contra variantes mais recentes”.

O que sugere que “as vacinas baseadas nos antigénios DIOSynVax também podem proteger contra futuras variantes do SARS-CoV-2” e poderá proteger contra uma gama ainda maior de coronavírus atuais e futuros.

Para já, a teoria sustentada em experiências com ratos, coelhos e porquinhos-da-índia – um passo importante antes de iniciar os ensaios clínicos em humanos, atualmente em curso em Southampton e Cambridge – descobriram que a candidata a vacina proporcionou uma forte resposta imunitária contra uma série de coronavírus, visando as partes do vírus que são necessárias para a replicação”.

A investigação adianta que a vacina candidata baseia-se num único antigénio digitalmente concebido e imunologicamente otimizado através de uma combinação de biologia computacional, estrutura de proteínas, otimização imunológica e biologia sintética para maximizar e ampliar o espectro de proteção que as vacinas podem fornecer contra ameaças globais, incluindo surtos de vírus existentes e futuros.

Quando está disponível? É seguro?

Não foi dada informação sobre quando esta “vacina preparada para o futuro” vai estar disponível. Tão pouco foi dada qualquer referência sobre efeitos secundários em humanos.

Até lá, continua-se a “monitorizar as variantes em circulação", afirmou a líder técnica da resposta à covid-19 da OMS.

Maria Van Kerkhove sublinhou que “a variante EG.5, uma mutação da variante Ómicron do SARS-CoV-2, representa cerca de 39% das sequências genéticas feitas globalmente ao coronavírus”.

*com Lusa