“É urgente que o Estado resolva o problema com os privados porque nós [Misericórdias] podemos aumentar um bocado a nossa produção, mas não conseguimos resolver o problema das pessoas”, disse Manuel Lemos à agência Lusa.
O presidente da União das Misericórdias Portuguesas explicou que as misericórdias não conseguem resolver o problema das pessoas em Lisboa, onde “não têm nenhuma capacidade de resposta”.
“Tenho instado as pessoas a sentarem-se lado a lado” para resolver o problema e proteger “os funcionários públicos, as pessoas doentes, que pagam para a ADSE para não irem aos hospitais públicos que não têm capacidade de resposta”, sublinhou.
Manuel Lemos disse que as misericórdias têm “algumas razões de queixa” da ADSE: “Celebramos um acordo com a ADSE há um ano, temos mais hospitais para celebrar protocolos e a ADSE por várias razões ainda não os celebrou”, frisou.
“Já disse ontem [quarta-feira] à senhora presidente da ADSE que tinha muita pena que nós tendo essa capacidade e esta qualidade não pudéssemos colaborar com as pessoas”.
“É verdade que em Lisboa, onde estão mais funcionários públicos, as misericórdias não têm hospitais e a capacidade de resposta é inexistente”, mas há outros locais do país, como no Porto, onde essa capacidade pode ser alargada.
Agora, não se pode dizer que se enviam as pessoas para o setor social “o problema fica resolvido”, porque “não é verdade”.
“O setor privado preparou-se muito bem para isto e, portanto, nós podemos fazer aquilo que fazemos, mas não se julgue que o podemos substituir”, sustentou.
As misericórdias são “complementares do Estado, são instituições de economia social e, nesse sentido, o centro da nossa atividade são os cidadãos e por isso percebemos muito bem o problema dos privados”, disse Manuel Lemos.
“Também é preciso que a ADSE olhe um bocadinho para dentro e se organize melhor. Se fizesse acordos connosco hoje também teria mais capacidade de resposta”, rematou.
A ADSE tem estado no centro da atenção mediática e política nos últimos dias, com a suspensão de convenções por parte de dois grupos, a José de Mello Saúde (que gere os hospitais CUF) e o Grupo Luz Saúde.
O conselho de administração do grupo Lusíadas Saúde também anunciou na quarta-feira que está a “analisar opções para a cessação das atuais convenções existentes” com o subsistema público de saúde da ADSE.
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