“Vamos para Sintra, vamos levar uma unidade recuperada”, disse Pedro Nuno Santos à partida do Entroncamento para uma viagem até Lisboa, na qual seguiu igualmente uma unidade para a Linha de Cascais que esteve a fazer a revisão geral no Entroncamento (Santarém).
Reconhecendo que Portugal precisa de comprar “material novo”, o ministro salientou que o país não pode esperar por equipamento que só ficará disponível dentro de quatro ou cinco anos, quando tinha “encostadas” há mais de uma década “dezenas de unidades, entre automotoras, locomotivas, carruagens”.
Para Pedro Nuno Santos, não há “nenhuma justificação, num país que não é propriamente rico, que se possa dar ao luxo de ter material de qualidade encostado”.
“Não estamos a falar de sucata, estamos a falar de material que, infelizmente, o país, por desinvestimento, tinha encostado, mas que nos vai permitir aumentar a reserva que temos na linha de Sintra”, disse, salientando que o objetivo não é reforçar a capacidade, mas “garantir que os comboios aparecem à hora, são regulares e vão limpos”, reduzindo “quase a zero as supressões”.
Segundo o governante, foi iniciada, há menos de um ano, com a nova administração da CP, a identificação e verificação desse material, estando neste momento a ser recuperadas seis unidades com carruagens de um piso e duas de dois pisos que vão ser postas ao serviço na Linha de Sintra.
Para Pedro Nuno Santos, os “problemas estruturais, a longo prazo, terão de ser resolvidos com investimento na infraestrutura e na compra de comboios novos”, acrescentando esperar conseguir lançar em breve concursos para comboios novos.
“Não somos um país rico que se possa dar ao luxo de encostar material. Infelizmente foi isso que fizemos. O que estamos a fazer é, com poucos recursos, pôr os ativos que temos a funcionar e estamos a falar de comboios que custam mais de 10 milhões de euros e estamos a fazer uma recuperação por 500.000 euros e a pô-la ao serviço da nossa população”, frisou.
Pedro Nuno Santos criticou os governos, incluindo socialistas (do seu partido), por, durante décadas, terem desinvestido na ferrovia, deixando de “contratar pessoal, de investir na reparação, nas oficinas”.
“Nós agora estamos a começar a fazer o contrário, a investir na ferrovia, a recuperar o número de pessoal nas oficinas, a recuperar a capacidade oficinal”, afirmou.
Questionado sobre as queixas dos utentes, em particular pelas regras ditadas pela covid-19, que obrigam a cumprir o distanciamento entre as pessoas, o ministro disse compreender o “desconforto”, salientando, contudo, que os comboios não estão na sua lotação máxima.
Pedro Nuno Santos reconheceu ser “difícil” assegurar o distanciamento nos comboios, dando como exemplo o facto de, na linha de Sintra, um terço da lotação de um comboio corresponder a todos os lugares sentados.
“Temos de olhar para as especificidades do comboio. Não é dizer que não há risco, é claro que há”, como em qualquer espaço fechado, disse, salientando, contudo, que, dos cerca 2.000 trabalhadores da CP que trabalham diariamente dentro do comboio, houve uma dezena de infetados e só quatro deles com probabilidade de o terem sido ao serviço.
O presidente da CP, Nuno Freitas, afirmou que a utilização das unidades que estão a ser recuperadas no Entroncamento vai permitir acabar com supressões de comboios à partida, o que representa, na prática, um reforço da oferta.
Nuno Freitas salientou que a CP vai, a “curtíssimo prazo”, ser certificada com o selo ‘clean & safe’, num reconhecimento do plano de contingência que prevê a limpeza regular dos comboios.
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