A posição surge expressa no comunicado divulgado hoje pelo comité permanente da Comissão Política do maior partido da oposição angolana, que se reuniu a 17 de fevereiro, em Luanda, em sessão extraordinária.

"Não há mudança nenhuma no país, nem haverá mudança, enquanto o MPLA estiver a governar. Não é a reforma de uma só pessoa que reforma o regime. Nem é a transferência do chefe da viatura para o banco de trás que altera o rumo do veículo. Ele continua a dirigir o veículo a partir do banco de trás, apesar de ter alugado um novo motorista", lê-se no comunicado final.

O vice-presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), general João Lourenço, é o cabeça-de-lista do partido às próximas eleições gerais em Angola, previstas para agosto.

José Eduardo dos Santos, chefe de Estado desde 1979 e presidente do partido - reeleito para novo mandato em 2016 - não integra qualquer lista do MPLA às eleições e anunciou anteriormente que pretende abandonar a vida política em 2018.

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) refere que no domínio económico constata-se que o "partido que trouxe a crise e conduziu Angola à falência já não tem soluções governativas para reduzir o défice orçamental, estancar a gangrena da corrupção, assegurar a sustentabilidade da dívida pública e viabilizar o futuro do país".

"Neste contexto, o comité permanente da Comissão Política da UNITA alerta, mais uma vez, os angolanos, para não se deixarem enganar, pois o anúncio da saída do Presidente da República não altera nada", refere o partido do "galo negro".

"O que Angola quer e o povo vai efetuar em agosto é a mudança de regime através de eleições livres, justas e transparentes. Só a mudança de regime irá estancar a corrupção para permitir a reforma do sistema de educação, do sistema de saúde e do sistema de governação, bem como a criação de milhares de empregos, a garantia da igualdade de oportunidades para todos e a justa repartição da riqueza nacional", acrescenta o partido.

Esta reunião serviu para aprovação das linhas mestras do Plano Estratégico da UNITA para as eleições gerais de agosto, refere o mesmo comunicado, mas as listas candidatas do partido ainda não conhecidas.

Foi igualmente analisado o processo eleitoral em curso e a situação política, económica e social do país, com a UNITA a "reafirmar a sua política de respeitar e proteger a livre iniciativa económica e empresarial, e a riqueza privada das pessoas singulares ou coletivas, independentemente da sua origem e da sua identidade política".

Além disso, o partido liderado por Isaías Samakuva reitera o "compromisso com a paz e a democracia" e por isso "condena o ressurgimento de atos de violência gratuita e de corrupção eleitoral orientados e protegidos pelas estruturas do partido-Estado", deixando o "alerta" aos angolanos "para não caírem na armadilha da intolerância".