Na nota de pesar pelo falecimento da escritora, a reitora da UÉ, Hermínia Vasconcelos Vilar, realçou que “foi com profunda consternação” que a Universidade de Évora recebeu a notícia do falecimento da escritora Nélida Piñon, “uma das mais reconhecidas vozes da literatura brasileira contemporânea”, e “uma personalidade inolvidável, de imensurável amabilidade, delicadeza e perseverança”.

“Na Universidade de Évora, tivemos o enorme privilégio de partilhar momentos únicos com Nélida Piñon a quando da entrega do Prémio Vergílio Ferreira, com o qual a escritora foi distinguida, em 2019, pela latitude e profundidade da sua obra, que revela uma linguagem capaz de estabelecer e harmonizar um diálogo fértil entre a memória feminina e a História” acrescentou a reitora.

A escritora brasileira Nélida Piñon morreu no sábado em Lisboa aos 85 anos, informou a Academia Brasileira de Letras, que a qualifica como “uma das maiores representantes da literatura brasileira”.

Autora de mais de 20 livros, entre novelas, contos, literatura infanto-juvenil, ensaios e memórias, em 1996/97 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleita em 1989 na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda.

Nélida Piñon, que se estreou com o romance “Guia-mapa Gabriel Arcanjo” publicado em 1961, recebeu o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995, o que aconteceu pela primeira vez para uma mulher e para um autor de língua portuguesa, assim como o prémio Bienal Nestlé, na categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991, e o da APCA e o Prémio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance “A república dos sonhos”.

A Academia Brasileira de Letras destaca precisamente este romance no percurso da escritora, uma obra sobre uma família de imigrantes galegos no Brasil, em que “faz reflexões sobre a Galiza, a Espanha e o Brasil”.

Igualmente assinalada pela Academia Brasileira de Letras é a sua obra de 1972 “A casa da paixão”, que recebeu o Prémio Mário de Andrade, “um dos seus melhores e mais conhecidos romances”.

A sua mais recente obra, “Um Dia Chegarei a Sagres”, lançada em 2020, ganhou o Pen Clube de Literatura.

Nélida Piñon licenciou-se em jornalismo em 1956 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tendo colaborado em jornais e revistas literários e sido correspondente no Brasil da revista Mundo Nuevo, de Paris, e editora assistente de Cadernos Brasileiros.

A escritora tinha um vínculo estreito com Espanha, já que os pais e avós foram emigrantes galegos no Brasil, e foi-lhe concedida no início deste ano a nacionalidade espanhola.

Em 2005, recebeu o prémio Príncipe das Astúrias.

Nélida Piñon morreu num hospital de Lisboa, conforme informou a Academia Brasileira de Letras, acrescentando que a causa da morte ainda não foi confirmada.

O corpo será trasladado para o Rio de Janeiro, no Brasil, de forma a ser velado no “Petit Trianon”, o principal salão da academia, que era como uma segunda casa para a escritora.

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