“Embora existam muitas recomendações do Governo, o que se passa depois, em termos práticos, é muito diferente”, lamentou Elvira Fortunato, vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, em declarações à Lusa.

Durante muitos anos, Elvira Fortunato foi contra a ideia de criar quotas para as mulheres, mas entretanto mudou de ideias: “Achava que deveríamos chegar aos cargos por mérito mas o que observei, ao longo do tempo, foi que isso nunca acontece”, observa.

Hoje é uma defensora das quotas, tal como acontece em instituições de ensino superior alemãs ou suecas.

É precisamente com o apoio de uma universidade alemã - Universidade de Aachen - que a equipa liderada por Elvira Fortunato está a trabalhar com o objetivo de promover o equilíbrio de géneros nos órgãos de decisão das organizações universitárias.

Mas primeiro é preciso conhecer a realidade da Nova.

Elvira Fortunato sabe que no ensino superior português os cargos de chefia são ocupados maioritariamente por homens: “Há poucas reitoras, há poucas diretoras de faculdade, há poucas diretoras docentes. E à medida que vamos descendo o número de mulheres vai aumentando”, conta.

“Sei que há muito menos mulheres catedráticas do que homens”, acrescenta, deixando uma interrogação no ar: “Em termos de projetos de investigação, quem tem mais projetos ganhos? São homens, são mulheres?”.

É precisamente este tipo de dados que vão ser recolhidos e trabalhados durante os próximos meses para que a desigualdade de género deixe de ser uma perceção e passe a ser um facto.

A radiografia, que deverá estar concluída dentro de seis meses, vai mostrar a relação entre homens e mulheres em cargos de administração, na docência e na investigação.

O objetivo é criar um Gabinete de Igualdade de Oportunidades, que possa chamar a atenção para os problemas e implementar planos de promoção da igualdade de género nas instituições.

“Muitas universidades [no estrangeiro] já têm gabinetes de igualdade de oportunidades ou de género”, sublinha a vice-reitora, explicando que as instituições mais avançadas nesta matéria estão agora a ajudar quem está a dar os primeiros passos.

Universidades na Alemanha, Dinamarca e Suécia vão apoiar a Nova, assim como outras duas instituições búlgaras e uma croata, através de um programa financiado pela União Europeia (UE): “Supporting and Implementing Plans for Gender Equality in Academia and Research”.

No total, o SPEAR integra onze instituições universitárias de nove países da Europa, com o objetivo de aumentar a participação das mulheres na Investigação e Inovação assim como melhorar as suas perspetivas de carreira.

A disparidade de acesso a cargos de chefia está identificada como um problema pela UE que lançou este programa de promoção da igualdade de género na Academia e Investigação ao qual atribuiu três milhões de euros para os próximos quatro anos.

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